Quanto menor a qualidade do espetáculo, maior o preço do ingresso. Esta é uma esquisita política que o Palmeiras adotou nos últimos anos. No Campeonato Brasileiro de 2012, quando jogava a primeira divisão, os palmeirenses tiveram de pagar R$ 30,49 em média em cada um dos 19 jogos para ver o time em campo. Em 2013, na Série B, contra adversários que têm muito menos apelo do que os da elite nacional, o valor aumentou para R$ 34,08. Agora, em 2014, no Campeonato Paulista, diante de oponentes ainda menos atrativos, o preço voltou a subir para R$ 37,94. E o que é mais esquisito nesta história: tem dado certo. No Estadual, o Palmeiras tem o maior lucro da competição.
Com apenas um jogo para o fim do Campeonato Paulista Chevrolet de 2014, o Palmeiras, fora da disputa, acumula uma receita líquida de R$ 2,2 milhões. O Santos, ainda candidato a conquistar o título e com um ingresso bem mais barato, de R$ 28 em média, faturou R$ 1,3 milhão até aqui e não vai conseguir ultrapassar o rival mesmo que lote o Pacaembu no último e decisivo jogo – a receita líquida será dividida com o Ituano, como aconteceu na primeira partida da final. O Ituano, também na disputa pelo troféu, lucrou R$ 943 mil com um tíquete médio em R$ 27,65.
O Corinthians teria capacidade para ficar à frente do Palmeiras, mas foi eliminado ainda na primeira fase da competição e não jogou nem as quartas de final. A média de público dos corintianos é superior à dos palmeirenses, 14.978 contra 14.490, e a ocupação dos estádios que jogou também foi maior, 42% contra 36%, mas o ingresso foi mais barato. Com média de R$ 30 por partida, o Corinthians teve receita líquida de R$ 1,7 milhão com os oito jogos que disputou.
O Botafogo-SP se destacou. Eliminado nas quartas de final, o time lucrou R$ 1,2 milhão durante o Paulista e conseguiu ocupação média de 26%. O desempenho foi melhor do que o do São Paulo, também derrotado nas quartas. Os são-paulinos tiveram R$ 1,1 milhão de lucro e 15% do Morumbi ocupados com o mesmo número de partidas dos botafoguenses de Ribeirão Preto.
Dos 20 clubes que jogaram o Paulista de 2014, só três – Ponte Preta, Audax-SP e Comercial – deixaram a competição com prejuízos. Respectivamente, R$ 21 mil a menos no caso da equipe de Campinas, R$ 90 mil no caso da equipe que jogou em Osasco e R$ 221 de prejuízo para o time de Ribeirão Preto. É quase o inverso do Campeonato Carioca Guaraviton, no qual, dos 16 times que o disputaram nesta temporada, só dois – Flamengo e Fluminense – tiveram lucro quando estiveram na condição de mandante.