Oficialmente, as eleições para a presidência da Fifa estão confirmadas para sexta-feira, 29 de maio. Em meio ao caos provocado pelo escândalo de corrupção que assola o futebol desde a última quinta-feira, contudo, existe a possibilidade de adiamento do pleito. Sob pressão de patrocinadores e rivais, Joseph Blatter deve esperar a decisão da Uefa sobre boicotar as votações para definir a manutenção – ou não – do evento.
O presidente da Fifa, favorito para permanecer no cargo, vai acompanhar de perto a reunião da Uefa nesta tarde e só depois disso dará seu veredito. Blatter, inclusive, cancelou sua participação em um evento sobre medicina esportiva, em Zurique, para se concentrar na gestão da crise.
A Uefa, dirigida pelo francês Michel Platini, pediu que as eleições à presidência da Fifa sejam adiadas por seis meses até uma apuração melhor sobre os casos de corrupção na entidade e pediu que suas filiadas considerem sobre a viabilidade de participar do pleito. As federações começaram a se manifestar dos dois lados: o presidente da Federação Francesa de Futebol (FFF), Noël Le Graët, disse ao jornal “Le Parisien” que as eleições devem ocorrer segundo o calendário previsto e apontou o Blatter, como o melhor candidato.
Já Greg Dyke, que dirige a Football Association, disse que Blatter deve assumir a responsabilidade pelo que aconteceu no futebol nos últimos 16 anos, período em que está no poder, e deixar a Fifa.
A possibilidade de adiamento reverbera fora das fronteiras europeias. Nesta quinta-feira (28), a Confederação Asiática de Futebol emitiu comunicado (CAF) apoiando a agenda atual.
“A Confederação Asiática de Futebol expressa seu decepção e tristeza pelos eventos de quarta-feira em Zurique, mas, por sua vez, se opõe a qualquer atraso nas eleições presidenciais da Fifa nesta sexta-feira, dia 29 de maio”, disse a CAF em comunicado em seu site.
Blatter analisa ainda a situação do mercado. Adidas, McDonalds, Coca-Cola, Budweiser, Nike e Visa pediram transparência nas investigações. A empresa de cartões chegou a dizer em seu comunicado que irá reavaliar o patrocínio à Fifa dependendo da reação da federação às investigações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
“Nosso desapontamento e preocupação em relação à Fifa com a evolução dos acontecimentos de hoje é profundo. Como patrocinador, esperamos que a Fifa tome medias rápidas e imediatas para resolver questões internas da organização. Isso começa com a reconstrução de uma cultura com fortes princípios éticos para restaurar a reputação do jogo para os torcedores de todo o mundo”, afirmou a empresa em comunicado oficial.
O escândalo sacudiu o mundo do futebol no dia seguinte à divulgação dos “anti-logos” das empresas associadas à entidade. As imagens foram publicadas pelo site The Roosevelts e mostra novos desenhos para as marcas alusivos à escravidão, numa crítica à situação dos trabalhadores envolvidos no projeto Qatar 2022.
Na semana passada, ONGs lideradas por Jaimie Fuller, CEO da empresa de roupa esportiva Skins, pediram aos patrocinadores para tomarem uma posição sobre os abusos aos envolvidos da construção civil no país asiático. Os ativistas divulgaram que para cada jogo da Copa do Mundo já morreram mais de 62 trabalhadores. Na ocasião, Visa, Coca-Cola e Adidas cobraram a Fifa sobre a violação aos direitos humanos.