A continuidade dos investimentos nos esportes olímpicos sofreu um baque com a iniciativa do ministro do Esporte, Leonardo Picciani, de suspender o Edital de Chamada Pública nº 1/2016, destinado à seleção de propostas de apoio financeiro a projetos voltados ao desenvolvimento do esporte de alto rendimento. Os projetos seriam desenvolvidos após a Olimpíada do Rio, com valor total de investimento de R$ 150 milhões.
A insegurança gerada pela medida preocupa as principais confederações olímpicas do país. É o caso do atletismo, que havia aprovado convênio de financiamento de projeto para a detecção de talentos.
“É difícil comentar antes de nos inteirarmos de tudo. Nosso projeto com o Ministério do Esporte que havia sido aprovado é a Rede [Nacional de Treinamento]. É preciso ver como vão operacionalizar o que foi aprovado”, afirmou Antônio Carlos Gomes, superintendente de Alto Rendimento da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo).
Segundo o dirigente, uma reunião com o presidente da entidade, José Antonio Martins Fernandes, o Toninho, será marcada para discutir a questão. O projeto teria duração de dois anos, com investimento de R$ 26 milhões do poder público. Seriam constituídos oito centros locais de treinamento em diferentes regiões do país, dois centros regionais e dois centros nacionais. “É uma iniciativa para treinar a molecada do país”, conta Gomes.
O corte também pegou de surpresa a CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos). Ricardo de Moura, superintendente da entidade, disse que será necessário rever os projetos de cada uma das cinco modalidades abarcadas pela confederação: natação, polo aquático, saltos ornamentais, nado sincronizado e maratona aquática.
“O importante não é só encerrar esse ciclo [olímpico nos Jogos do Rio de Janeiro]. O grande legado seria a continuidade dos projetos. Na verdade, ninguém imaginaria estar passado por isso a dois meses dos Jogos Olímpicos”, lamenta Moura.
Procurada para comentar o assunto, o Ministério do Esporte se eximiu de responder às perguntas formuladas pela Máquina do Esporte. A assessoria de imprensa do ministério apenas afirmou que “a medida está em conformidade com a decisão já anunciada pelo ministro Leonardo Picciani de reavaliar contratos e atos administrativos da pasta. A suspensão do edital não afeta a preparação dos atletas para os Jogos Olímpicos e os Jogos Paralímpicos Rio 2016”.