Na última sexta-feira, a Fifa oficializou a exclusão de São Paulo da Copa das Confederações de 2013 e anunciou que o centro de mídia da Copa do Mundo de 2014 será sediado no Rio de Janeiro – a capital paulista também pleiteava o aparato. Um dia depois, autoridades do Estado esvaziaram o Fórum Nacional do Esporte, realizado pelo grupo Lide em São Paulo. Isso isolou o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior como autoridade do Mundial no evento. E transformou o discurso em uma pressão para o governo local investir na construção do estádio do Corinthians, em Itaquera.
A arena é, até o momento, o maior problema do projeto de São Paulo para a Copa do Mundo de 2014. O Corinthians agendou o início das obras para a próxima segunda-feira, mas ainda há incertezas sobre o projeto e o modelo de financiamento da obra, que será feita em parceria com a construtora Odebrecht.
“As autoridades locais precisam andar mais rapidamente. O que precisa ficar muito claro é que o estádio para São Paulo receber a Copa do Mundo não é uma responsabilidade do Corinthians, assim como não era do São Paulo; o estádio é uma responsabilidade de São Paulo”, disse Silva Júnior.
Dessa forma, o ministro transformou uma entrevista coletiva concedida neste sábado em uma cobrança pública às autoridades de São Paulo. Silva Júnior defende, desde o início do projeto, que o governo do Estado e a prefeitura participem financeiramente da construção de um estádio na capital. A arena de Itaquera foi anunciada em 2010 como sede da abertura da Copa do Mundo de 2014, e o acordo entre Corinthians e Odebrecht foi intermediado por Luiz Inácio Lula da Silva, então presidente da República.
“São Paulo já lançou um plano de incentivos fiscais, mas só com incentivo fiscal você não faz um estádio. A Copa do Mundo é um bom negócio, que gera empregos, turismo e negócios. Para isso, o local precisa ter estrutura. Está claro que São Paulo precisa trabalhar e que o governo precisa se envolver mais”, cobrou o ministro.
Silva Júnior ainda criou um cenário de pressão sobre Geraldo Alckmin, atual governador de São Paulo: “Ele demonstra estar empenhado. Herdou o cargo em uma situação de inércia e está só há cinco meses, mas está tentando criar um ambiente de envolvimento bem maior do que os antecessores”.
A ideia implícita no discurso do ministro é que a presença de São Paulo na Copa do Mundo de 2014 depende substancialmente da postura de Geraldo Alckmin. O governador deveria ter feito a abertura do Fórum Nacional de Esporte neste sábado, mas não compareceu. O prefeito Gilberto Kassab e o secretário de Esportes, Lazer e Juventude do Estado de São Paulo, Jorge Pagura, também não estiveram presentes.
Em julho deste ano, dirigentes da Fifa estarão no Rio de Janeiro para acompanhar o sorteio das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2014. Segundo Silva Júnior, essa é a data-limite para São Paulo demonstrar uma mudança de postura.
“Acho que a gravidade das decisões que a Fifa anunciou nesta semana vai estimular as autoridades locais. A Fifa vai fazer uma reunião no Brasil no dia 30 de julho, e esse é o limite para São Paulo mostrar o que quer. E a minha esperança está concentrada no Alckmin”, encerrou o ministro do Esporte.