O polêmico velocista Justin Gatlin, considerado um dos favoritos ao título mundial dos 100 m e 200 m no Mundial de Pequim, em agosto, é o novo contratado da Nike. O problema é que o norte-americano não exibe uma reputação ilibada no mundo das pistas. Gatlin esteve suspenso por doping em duas oportunidades.
A notícia causou mal-estar até entre atletas contratados pela marca norte-americana. Recordista mundial da maratona, Paula Radcliffe, uma das competidoras mais críticas em relação ao doping, comentou o assunto em sua conta no Twitter.
“Estou muito desapontada de ouvir essa notícia. Não acredito que ele [Gatlin] realmente reflita os valores fundamentais da Nike que eu tenho orgulho de representar, nem a integridade e os ideais das pessoas com quem trabalho diariamente”, escreveu a britânica.
Justin Gatlin apareceu para o mundo do esporte nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, quando surpreendeu o favorito Maurice Greene e se tornou o homem mais rápido do mundo. Aos 22 anos, ganhou o ouro olímpico nos 100 m.
Jovem, Gatlin já tinha enfrentado uma suspensão em 2001, por uso de anfetaminas. Em 2006, nova pena, dessa vez após seu exame antidoping acusar a presença de níveis anormais de testosterona (hormônio masculino com efeito anabólico).
“Nada mais me surpreende, mas essa é uma mensagem ruim que está sendo enviada ao nosso esporte”, criticou o ex-velocista Jason Gardener, vencedor do 4 x 100 m em Atenas-2004, em entrevista à BBC.
“É um pontapé na cara dos 99% dos atletas que estão limpos”, afirmou Marlon Devonish, companheiro de equipe de Gardener em Atenas-2004. “Mas Gatlin cumpriu sua pena de acordo com as regras. Se as pessoas não gostam disso, que mudem as regras.”
Gatlin já tinha sido atleta da Nike antes de sua segunda suspensão por doping. Desde 2012, mantinha vínculo com a chinesa Xtep. Agora, ele volta a ser a aposta da Nike para tentar conter o fenômeno Usain Bolt, que veste Puma. A atual fase de Gatling é boa. Das sete melhores marcas do ano passado, seis são dele. Sem doping.