É difícil imaginar que a melhor tenista do país não tenha dinheiro para viajar com o próprio treinador. Mas, acredite, é exatamente o que acontece com Teliana Pereira. Os quatro patrocínios não são o bastante para que a primeira colocada no ranking nacional feminino consiga levar o irmão e técnico Renato Pereira para todos os torneios que disputa.
Natural de Águas Belas, no sertão de Pernambuco,Teliana convive com o tênis desde criança. Quando tinha oito anos, sua família se mudou para Curitiba e seu pai abriu uma academia da modalidade na cidade. A atleta aproveitou a oportunidade para começar a praticar o esporte e não parou mais.
Teliana rapidamente se tornou uma promessa e, logo aos 12 anos, já era patrocinada pela operadora de telecomunicações brasileira GVT, que financiava as viagens da atleta, pela loja de roupas infantis Xiquita e pelo Café Damasco.
No entanto, a carreira de Teliana não despontou como ela sonhava. Entre 2009 e 2011, a atleta sofreu com graves lesões que a afastaram das quadras. Para piorar, os patrocinadores da jogadora na época, desmotivados pela falta de sequência da esportista, decidiram encerrar os acordos com a tenista.
“O período das lesões, entre 2009 e 2011, foram, sem dúvida, a época mais difícil para Teliana. Ela não conseguiu manter um ritmo de campeonato e os patrocinadores pararam de ajudar. Para voltar a competir em alto nível, a família dela foi fundamental. Eles não deixaram de acreditar nela em nem um segundo”, declarou Alexandre Zornig, namorado e gestor da carreira da Teliana.
Família e amigos sempre tiveram um papel muito importante na carreira da tenista. Em fevereiro do ano passado, a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), então patrocinadora da atleta, solicitou que Teliana treinasse na academia de Larri Passos (Larri Passos Tênis Pro), em Santa Catarina. Contrária à recomendação, a esportista decidiu continuar em Curitiba, na Academia Paranaense de Tênis. A CBT, em seguida, rescindiu o contrato com Teliana, que precisou contar com a ajuda das pessoas próximas. Amigos e familiares organizaram uma “vaquinha”, que rendia cerca de R$ 3 mil por mês. O valor foi suficiente para que a tenista continuasse viajando e disputando campeonatos. Em novembro de 2012, a CBT retomou o patrocínio, que vigora até hoje.
Atualmente, além da CBT, que financia as viagens da tenista, Teliana é patrocinada por outras três marcas: Asics, que fornece roupas e calçados para a esportista, além de dar um bônus em caso de bons resultados; Wilson, que oferece raquetes e também presenteia a atleta com bônus por rendimento satisfatório; Correios, que paga uma quantia por mês em troca da exposição da empresa no uniforme da jogadora. Até janeiro deste ano, Teliana também era parceira do Governo do Paraná, que negocia a extensão do contrato. A tenista ainda recebe uma quantia mensal do programa Bolsa Atleta.
Mesmo com os patrocinadores atuais, o valor recebido pela esportista ainda não é sufuciente para que ela consiga pagar as viagens do próprio treinador, seu irmão Renato Pereira.
“As coisas estão muito mais fáceis agora. A CBT e os Correios pagam praticamente 100% das despesas da Teliana, mas ainda falta uma outra marca para que ela possa viajar acompanhada do próprio técnico. É muito duro, a gente tem que tirar dinheiro do próprio bolso ou usar as premiações conquistadas nos torneios para que ele possa estar presente em todos os campeonatos. Muitos brasileiros ainda cobram resultados expressivos dela, como isso é possível sem apoio? não dá para competir com ninguém no exterior. O pior é que todos esses que cobram nunca foram a uma quadra acompanhar e torcer em um jogo da Teliana ”, desabafou Alexandre Zornig.
Teliana Pereira ocupa atualmente a 118° colocação no ranking mundial de tênis feminino, com 572 pontos. Considerando apenas o Brasil, a atleta é, disparada, a primeira colocada, com 446 pontos à frente de Paula Cristina Gonçalves.