Por motivos diferentes, mas a Record seguiu o roteiro que havia trilhado na última concorrência por direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. Depois de ter sido alardeada como possível rival da Globo e de ter flertado com ofertas de alto padrão financeiro, a emissora paulista emitiu comunicado nesta sexta-feira para avisar que não fará proposta ao Clube dos 13.
A explicação dada pela Record para essa postura é a cisão interna da entidade que representa as equipes. Até o momento, 12 clubes anunciaram que não aceitarão negociar direitos de transmissão via C13 – o grupo dissidente é formado por Botafogo, Corinthians, Coritiba, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Goiás, Grêmio, Palmeiras, Santos, Vasco e Vitória.
Botafogo e Vasco chegaram a emitir comunicado nesta semana desautorizando o Clube dos 13 a negociar qualquer coisa envolvendo as duas equipes. O grupo, a despeito do esfacelamento, marcou para esta sexta-feira a abertura dos envelopes com propostas para os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro no triênio 2012-2014.
A concorrência deste ano ganhou corpo quando o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) derrubou o direito de preferência da Globo. A partir disso, o Clube dos 13 decidiu promover uma licitação com envelopes fechados e oferecer à emissora carioca, atual detentora dos direitos, um ágio de 10% pela expertise e por se tratar da líder de audiência.
O processo de definição das regras da concorrência gerou desgaste entre os clubes, e um grupo liderado pelo Corinthians rechaçou o modelo proposto pelo C13. O principal motivo oficial para isso é que essas equipes temem a desvalorização de seus patrocínios se os jogos deixarem de ser exibidos pela emissora que detém a maior fatia da audiência nacional.
A Record interpretou isso como um comprometimento prévio com a Globo, e decidiu não fazer proposta em função da postura dos dissidentes. Isso lembra o comportamento do canal na concorrência anterior, quando a emissora chegou a projetar uma oferta que seria o dobro da concorrente, mas deixou de apresentar proposta no momento decisivo. Na época, a justificativa foi uma insatisfação com o modelo da licitação e o direito de preferência da rival.
Confira a íntegra do comunicado emitido pela Record nesta sexta-feira:
“A Rede Record vem a público informar que apoiava o modelo de negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro no triênio 2012/2014 proposto pelo Clube dos 13 em acordo com o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Mas, infelizmente, a concorrência dividiu o C13. A entidade ficou fracionada em clubes que defendiam o processo iniciado com a carta convite, agremiações que pretendiam negociar os direitos em separado e aqueles que vieram a público pedir a total desvinculação do processo e do agrupamento.
Alguns clubes, antes de ouvir qualquer proposta por parte da Record, já indicam que tem acordos pré-acertados com outra emissora. Os responsáveis por estes acordos que prejudicam os torcedores, clubes e patrocinadores devem vir a público para revelar como foram as negociações e qual o valor acertado previamente, sem concorrência, sem transparência e baseados nos mesmos princípios que ajudaram a reduzir o poder dos clubes, prejudicaram o faturamento das agremiações, limitaram a exposição de patrocinadores e impuseram horários estranhos para a prática do futebol, além de transformar o mais popular esporte do País num mero exportador de talentos. Diante desta atitude a Record informa que não aceita participar de um jogo com cartas marcadas.
O quadro, neste momento, gerou incerteza jurídica. Diante disso, não há convicção de que a proposta vencedora tenha os direitos de transmissão dos jogos de todos os clubes. Há ainda a possibilidade de que uma agremiação possa abandonar o C13 enquanto o contrato ainda estiver em vigor. Assim, a Record decidiu não apresentar proposta ao Clube dos 13.
A emissora volta a manifestar seu desejo de participar da concorrência democrática, caso os clubes entrem em acordo, garantindo estabilidade jurídica a quem apresentar a melhor proposta E se os clubes desejarem seguir numa negociação em separado, a Record reafirma que pretende apresentar propostas com padrões de transparência e regras claras.
Mais uma vez, esta é a forma que a Record encontra para contribuir com a evolução e o desenvolvimento do futebol brasileiro, proporcionando uma transmissão de primeira do esporte preferido da nação.
São Paulo, 11 de março de 2011.
CENTRAL RECORD DE COMUNICAÇÃO”