O governo da Rússia afirmou que a renúncia de Joseph Blatter não altera o planejamento para a Copa do Mundo de 2018, que será disputada no país.
“[O escândalo na Fifa] não é sobre a Rússia ou o Qatar, é sobre o futebol”, afirmou Arkady Dvorkovich, vice-primeiro-ministro da Rússia, em entrevista ao diário inglês The Guardian.
“Qualquer interferência política em assunto do futebol é ilegal. Nossos preparativos estão indo muito bem. Melhor do que em alguns outros países que sediaram a Copa do Mundo. Aprendemos com eles”, acrescentou o político.
No entanto, Dmitri Peskov, porta-voz do presidente Vladimir Putin, afirmou que a situação “não é fácil”, mas se recusou a fazer mais comentários.
Nesta quarta-feira, foi realizada em Rostov (sul da Rússia), uma reunião do Comitê Organizador da Copa. O local seria usado como apoio à invasão da Ucrânia e também é uma das sedes do Mundial. A recessão econômica vivida pelo país, em grande parte por causa dos embargos econômicos adotados pela União Europeia por conta das tensões com a Ucrânia, obrigou os organizadores cortar custos.
Questionado sobre a possibilidade de cancelamento ou boicote da Copa do Mundo, o porta-voz da federação russa, Yevgeny Dzichkovsky, afirmou que futebol e política devem ser mantidos separados. Segundo ele, os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, mostraram que o país é capaz de realizar competições internacionais de alto nível.
“Por que negar a todos uma Copa do Mundo em um país que está pronto para sediá-la?”, questionou Dzichkovsky.
Internamente, porém, há preocupação de que os escândalos da Fifa respinguem no Kremlin. Vladimir Putin é um forte aliado de Joseph Blatter.
“A Copa do Mundo de 2018 na Rússia está sob ameaça”, afirmou Vladimir Soloviev, popular apresentador de TV na Rússia, em seu Twitter.
A oposição em relação à Rússia sediar a Copa vem principalmente da Inglaterra, derrotada na eleição da Fifa. Mas também conta com o apoio da Ucrânia, cujo governo defende que as ações do vizinho nos últimos 18 meses deveriam impedi-los de abrigar o torneio.
Ainda há confrontos entre as forças da Ucrânia e grupos separatistas no leste do país. O presidente ucraniano, Petro Poroshenko afirmou, em seu Facebook, que a renúncia de Blatter dá esperança de que “certas decisões [da Fifa] motivadas pela corrupção” deveriam ser canceladas. Ele já havia pregado o boicote ao evento.