Pouco mais de dois meses após ver sua torcida lotar Yokohama, o Corinthians enfrentará nesta quarta o silêncio das cadeiras vazias em sua própria casa. Se um grande contingente de torcedores alvinegros desembolsou milhares de reais para ver o time ser campeão mundial em duas partidas do outro lado do planeta, desta vez é o time do Parque São Jorge, punido pela Conmebol, que terá de abrir mão de mais de R$ 1,7 milhão por confronto da fase de grupos da Copa Bridgestone Libertadores.
Após a morte do torcedor boliviano Kevin Beltrán Espada, de 14 anos, na partida entre Corinthians e San José, em Oruro, o clube paulista foi punido preventivamente pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) e terá que atuar com portões fechados na competição internacional pelos próximos 60 dias. O jovem torcedor morreu ao ser atingido por um sinalizador disparado por um integrante da torcida do time brasileiro.
No ano passado, quando se sagrou campeão do mesmo torneio, o Corinthians teve uma média de 28.850 pagantes nas três partidas que realizou como mandante durante a primeira fase: contra Nacional, do Paraguai, Cruz Azul, do México, e Deportivo Táchira, da Venezuela. Apenas com a venda desses ingressos, o clube arrecadou um total de R$ 5.343.837, o que corresponde a, aproximadamente, R$ 1.781.275 em cada um dos jogos.
Para efeito de comparação, a maior renda do alvinegro na competição foi na partida contra o Vasco da Gama, válida pelas quartas de final da Copa. Nesse jogo, os 35.974 torcedores que compraram ingressos renderam à equipe a quantia bruta de R$ 2.723.055, sua maior marca na competição. Já na decisão contra o Boca Juniors, da Argentina, o Pacaembu recebeu 37.959 pagantes, o que representou uma arrecadação bruta de R$ 2.508.912.
Considerando somente a renda líquida, o alvinegro paulista arrecadou, em média, cerca de R$ 1.201.837 nas três partidas da fase de grupos. As despesas do clube durante esse jogos giraram em torno de R$ 579.438, entre aluguel do estádio e custos com segurança e infraestrutura; além de 5% e 10% da renda bruta que são destinados à Federação Paulista de Futebol e à Conmebol, respectivamente.
Para a partida desta quarta-feira, contra o Millionários, da Colômbia, o Corinthians já havia vendido cerca de 28.500 ingressos, mantendo-se na média do ano anterior. Com a punição da Conmebol e a determinação do fechamento dos portões, o clube deve deixar de arrecadar, portanto, um valor semelhante aos de 2012 – algo em torno de R$ 1,7 milhão por partida.
A diretoria do Corinthians considera que o prejuízo pode ser ainda maior. Em entrevista à Rádio “Jovem Pan AM”, Lúcio Blanco, responsável pelo setor de vendas do clube, afirmou que as perdas podem chegar a R$ 2 milhões por jogo sem público, considerando outras fontes de receita além da bilheteria.
Mesmo com as grandes perdas financeiras, de acordo com o consultor Amir Somoggi, o maior prejuízo não está no faturamento: “Existe uma perda direta e clara, que é a de bilheteria, mas isso não é muito impactante no orçamento do clube. Na verdade, o prejuízo é de imagem. É o time campeão do mundo que passa a ter que jogar de portões fechados. Um estádio vazio é, possivelmente, o pior ambiente do esporte, algo esdrúxulo para um clube e uma marca do tamanho do Corinthians”.