O fim da remuneração fixa pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro já começa a fazer estragos em alguns clubes. Às vésperas de completar seu 109° aniversário, o Corinthians vive um acalorado debate interno desde que sua diretoria apresentou, na noite da última segunda-feira (26), um déficit acumulado de R$ 100 milhões nos primeiros sete meses do ano. As contas apresentadas na reunião do Conselho alvinegro foram rejeitadas e, agora, o clube tenta encontrar relativa paz nos bastidores para encerrar o ano com saldo positivo.
LEIA MAIS: Análise: Corinthians precisa de novas mudanças
O maior “vilão” corintiano até agora é a mudança no pagamento da TV. Até o ano passado, a Globo repassava um valor mensal fixo aos clubes. Nesta temporada, com o contrato variável nas TVs aberta e paga, a emissora depositou apenas 40% do valor total a ser pago para os clubes. E, mesmo assim, esse valor foi dividido pelas entidades com quem ela tem contrato (20 na TV aberta e 13 na fechada).
Essa mudança provocou uma queda brusca no dinheiro repassado pela TV. Dos cerca de R$ 14 milhões mensais que o Corinthians recebeu em 2018, esse valor caiu para cerca de R$ 4 milhões, sendo que desde junho o repasse acabou. Apenas no final do Brasileirão, a Globo repassará o dinheiro variável do torneio.
Andrés Sanchez é o atual presidente do Corinthians (Foto: Reprodução)
Com o déficit acumulado do ano passando dos R$ 100 milhões, o Conselho de Orientação (CORI) corintiano reprovou as contas apresentadas na segunda-feira (26). O órgão ainda pediu que o clube apresente um plano de contingência das perdas. Segundo o Globoesporte.com, além do déficit, a diretoria mostrou balancete em que mostra que o clube teve de recorrer a empréstimo do BMG, seu patrocinador.
Uma das soluções para o Corinthians reduzir no curto prazo a dívida acumulada é a venda de jogadores para o exterior. Até o dia 31, a janela de transferências para o mercado europeu segue aberta. Jovens como Pedrinho, um dos destaques do time nesta temporada, podem ser negociados para aliviar o caixa. No orçamento anual, o Corinthians previa arrecadar R$ 50 milhões com a venda de atletas. Até agora, porém, nem metade desse valor foi obtido pelo clube na atual temporada.
Outra mudança que o Corinthians deve conseguir fazer em breve é em relação ao seu estádio. Ao renegociar a dívida de pagamento com a Odebrecht, o clube deve parar de ter de repassar toda a receita com sua arena para o fundo que gerencia o espaço. Isso deve significar entrada de dinheiro no caixa corintiano, mas ainda com a necessidade de repassar boa parte dele para pagar a obra finalizada em 2014.