No Brasil, a negociação dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro para o triênio 2012-2014 serviu como plano de fundo de uma disputa política envolvendo emissoras de TV, Clube dos 13 e as principais equipes do futebol nacional. Contudo, o país não é o único que vivencia um cenário assim. Na Espanha, a televisão também motivou uma crise que pode causar até uma greve no campeonato local.
A paralisação foi marcada para o fim de semana dos dias 2 e 3 de abril, mas ainda não está confirmada porque seis clubes não assinaram o documento que oficializa a greve. O grupo dos dissidentes é formado por Athletic Bilbao, Espanyol, Real Sociedad, Sevilla, Villareal e Zaragoza.
Essas equipes chegaram a acionar a Justiça espanhola para pedir que ela impeça a greve. A paralisação havia sido determinada em assembleia que a Liga de Futebol Profissional (LFP) realizou no dia 11 de fevereiro.
“Não é justo que o torcedor pague por uma disputa que não tem relação com ele”, disse José María del Nido, presidente do Sevilla, em entrevista coletiva.
Basicamente, há três motivos para a LFP ter decidido estabelecer a greve: os clubes querem restringir o direito de uso de imagens do futebol nacional em veículos jornalísticos, exigem uma participação na lei que destina ao esporte uma parte da arrecadação local com loterias e apostas e querem acabar com uma regra que permite à TV pública a exibição gratuita de um jogo por rodada do Campeonato Espanhol.
Essa regulamentação, tema mais polêmico do requerimento feito pela LFP, está na Lei Geral de Comunicação Audiovisual, de 31 de março do ano passado. Atualmente, o jogo exibido em TV aberta é o que acontece às 22h dos sábados.
A análise da liga é que esse modelo de exibição em TV aberta limita o faturamento dos clubes com a venda dos direitos de transmissão do Campeonato Espanhol. “Faz um ano que a lei foi aprovada, e nenhum clube se opôs naquela época. Os times estão em uma situação complicada, devem 694 milhões de euros para a Fazenda, e eu nem estou falando dos dados dos Seguros Sociais”, criticou Jaime Lissavetzky, secretário de Esporte do país europeu.
Quanto ao repasse das loterias, a LFP tem direito a 10% atualmente e pleiteia uma fatia maior. Também existe uma polêmica sobre a Lei do Jogo, que recolherá parte do dinheiro movimentado na Espanha até com apostas virtuais. Os clubes exigem ao menos 2% do que for arrecadado.
No caso da restrição à informação, a lógica é a mesma da presença do futebol em TV aberta. A LFP acredita que, como não há restrição de tempo na exibição de imagens e melhores momentos, a liga deixa de lucrar com a venda desses trechos.
Há 13 defensores da greve, sete contrários ao movimento e um clube (o Málaga) que ainda não se posicionou oficialmente.