Flagrado no antidoping, Daniel Nascimento está fora das Olimpíadas e tem patrocínio em xeque

Daniel Nascimento disputou a Meia-Maratona de Lisboa, em Portugal, em março - Reprodução / Instagram (@danielnascimentoatleta)

Melhor maratonista do Brasil e recordista sul-americano da prova, Daniel Nascimento foi flagrado no exame antidoping para uma série de hormônios e está fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024. De quebra, o corredor também corre o risco de ficar sem nenhum patrocínio.

No último dia 4 de julho, o atleta passou por um teste fora de competição feito pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), que acusou a presença de drostanolona, metenolona e noretiocolanolona em seu organismo. As três substâncias são esteroides anabólicos, com efeito de aumentar artificialmente a força e a potência musculares.

Pelo resultado analítico adverso, Danielzinho, como é conhecido, corre o risco de pegar uma pena de quatro anos de suspensão. Ele está fora dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, que começam no próximo dia 26 de julho. Como Danielzinho era o único atleta brasileiro classificado para a maratona, o Brasil ficará sem representante na prova.

Ajinomoto

Além da punição, o corredor também corre o risco de ficar sem nenhum apoio financeiro para se defender e tentar manter os treinamentos.

No início do ano, Danielzinho já havia recebido duas propostas de patrocínio para as Olimpíadas de Paris 2024. No entanto, as conversas não evoluíram pelo fato do atleta já enfrentar problemas emocionais ainda antes da divulgação do caso de doping.

Alheia a isso, em maio, a Ajinomoto anunciou patrocínio ao corredor. A parceria previa, além do apoio econômico, o fornecimento da linha de suplementos da empresa.

Com a divulgação do doping, a Ajinomoto colocou a parceria em xeque, embora não tenha anunciado a rescisão do contrato.

“A Ajinomoto do Brasil aguarda os desdobramentos deste caso na Justiça Esportiva e reitera seu compromisso de continuar colaborando com a evolução do esporte no Brasil”, afirmou a empresa.

Adidas

Danielzinho era atleta da Adidas até o fim de 2023. No entanto, o contrato não foi renovado. Segundo a Máquina do Esporte apurou, a marca estava insatisfeita com o desempenho do fundista nas últimas provas.

Em 2022, ele chegou a liderar a Maratona de Nova York, mas desmaiou faltando cerca de 10km para o final da prova. Danielzinho chegou a estar mais de 2 minutos à frente do segundo colocado antes de perder o ritmo e entrar em colapso.

Já na Maratona do Rio de Janeiro, no ano seguinte, o brasileiro quebrou logo nos primeiros quilômetros do percurso. A gota d’água aconteceu nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, também no ano passado. À ocasião, Danielzinho perdeu o ônibus e chegou atrasado para disputar os 10.000m, única prova em que estava inscrito. Favorito ao ouro, ele acabou não correndo.

Sem contar mais com o apoio da Adidas, Danielzinho chegou a participar de provas neste ano usando material esportivo da Nike. A marca norte-americana, porém, nega que tenha o atleta sob contrato.

Não africano

Danielzinho havia despontado como um dos principais fundistas do planeta em 2022, quando chegou na terceira posição na Maratona de Seul, na Coreia do Sul, com o tempo de 2h04min51s.

A marca era o novo recorde sul-americano, superando o tempo de Ronaldo da Costa na Maratona de Berlim de 1998 (2h06min05s), que chegou a ser o recorde mundial dos 42,195km.

Até hoje, Danielzinho é dono do segundo melhor tempo feito por um corredor não africano na história da prova. Ele é superado apenas pelo francês Morhad Amdouni, que fez 2h03min47s para ficar em segundo lugar na Maratona de Sevilha, na Espanha, em fevereiro. Nascido na ilha francesa da Córsega, Amdouni tem ascendência tunisiana.

Outro que compete por um país europeu que superou o brasileiro é o holandês Abdi Nageeye, que cravou 2h04min45s para vencer o difícil percurso da Maratona de Roterdã, na própria Holanda, neste ano. Nageeye, porém, é somali de nascimento e chegou à Holanda aos seis anos como refugiado.

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