Ganhadora de duas medalhas olímpicas no vôlei de praia, Adriana Samuel tem se dedicado, nos últimos anos, a projetos sociais e ao trabalho como gestora do Time Petrobras. Desenvolvida em parceria com a gigante brasileira de petróleo e combustíveis, a iniciativa garante patrocínios individuais a 45 atletas, sendo 35 olímpicos e 10 paralímpicos.
Em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte, Adriana falou sobre como funciona o Time Petrobras e ainda comentou a respeito do impacto dos patrocínios individuais para os atletas.
Esse trabalho, vale lembrar, ela já havia realizado antes de firmar sua parceria com a Petrobras, a partir de 2015. Antes, a empresa já possuía uma longa trajetória de apoio ao esporte, em que o acordo mais lembrado seja, talvez, o patrocínio máster ao futebol do Flamengo, iniciado na década de 1980 e que durou 25 anos. Já em relação às modalidades olímpicas, a parceria costumava ser feita diretamente com as confederações.
Em 2009, Adriana foi convidada pela Embratel (hoje incorporada à Claro S.A) para coordenar o time de atletas da empresa, que contava com nomes como Cesar Cielo, da natação, e Rafaela Silva, do judô.
O bom desempenho do Time Embratel nos Jogos Olímpicos de Londres 2012 chamou a atenção. Quatro anos depois, o evento seria realizado no Brasil.
E assim, em 2015, Adriana foi convidada pela Petrobras para organizar o time da empresa, que, inicialmente, contou com 15 atletas, dos quais 13 eram olímpicos e 2, paralímpicos. A estreia ocorreu no Rio 2016.
Desde 2018, quando foi retomado para o ciclo dos Jogos de Tóquio (que deveriam ocorrer em 2020, mas foram realizados em 2021 por causa da pandemia de Covid-19), o Time Petrobras vem em uma crescente constante.
“Hoje, o Time Petrobras representa um dos principais programas de patrocínio individual do Brasil. Virou algo aspiracional. Os atletas desejam fazer parte, tanto que sempre recebo muitas mensagens de vários deles, perguntando como entrar para o Time”, afirmou Adriana.
Relação de causa e efeito
Hoje, o Time Petrobras já conta com 21 atletas 100% garantidos nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. São eles: Ana Sátila (canoagem slalom), Caroline Almeida (boxe), Darlan Romani (atletismo – arremesso de peso), Duda e Ana Patricia (vôlei de praia), Flávia Saraiva (ginástica artística), Guilherme Caribé (natação), Guilherme Costa (natação), Hugo Calderano (tênis de mesa), Keno Marley (boxe), Marcus D’Almeida (tiro com arco), Viviane Jungblut (maratona aquática), Mateus Isaac (vela – classe IQFoil), Milena Titoneli (taekwondo), Beatriz Rodrigues (judô), Guilherme Schimidt (judô), Laura Amaro (levantamento de peso), Izabela Rodrigues da Silva (atletismo – lançamento de disco), Ygor Coelho (badminton) e Andre Stein e George Souto Maior (vôlei de praia).
Isso sem contar Filipe Vinicius Vieira (canoagem de velocidade), que garantiu uma vaga para o Brasil na modalidade e tende a ser convocado para os Jogos.
Além disso, o número de atletas olímpicos do Time Petrobras classificados para Paris 2024 ainda pode chegar a 23, já que o skatista Augusto Akio também está muito próximo de obter a vaga.
Já para os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 estão garantidos, por enquanto, Carol Santiago, Samuel Oliveira (mais conhecido como Samuka) e Gabriel Bandeira (o Bill), todos da natação.
Para Adriana Samuel, existe uma relação direta de causa e efeito entre a expansão nos patrocínios individuais a atletas e a melhora constante no desempenho do Brasil nas competições de ponta, como os Jogos Olímpicos.
“Se o atleta fica tranquilo e pode se dedicar ‘200%’ aos treinos, o resultado vem. É como dois mais dois são quatro”, salientou a gestora.
Na visão dela, além de garantir que os atletas possam pagar suas contas, o patrocínio individual gera a sensação de reconhecimento e valorização.
“Fui atleta e me lembro de como era a sensação de ir para o jogo com um novo patrocinador. Aquilo passava a confiança de que nosso trabalho havia sido reconhecido. O atleta com patrocínio individual faz de tudo para retribuir o apoio recebido”, analisou.
Critérios para entrar no Time Petrobras
A expectativa em torno do desempenho dos atletas do Time Petrobras é grande. Mas, segundo Adriana, o pódio ou mesmo a vaga olímpica ou paralímpica não são os critérios que definem a escolha de quem será patrocinado pelo programa.
“Para o ciclo de Paris 2024, por exemplo, nosso principal critério era apoiar jovens atletas em sua caminhada olímpica ou paralímpica”, explicou.
Com base nisso, o Time Petrobras buscou apoiar esportistas que nunca conquistaram medalha, em um trabalho iniciado há dois anos.
“A cada ciclo, eu sento com o pessoal do COB [Comitê Olímpico do Brasil], procurando entender a realidade de cada modalidade e conhecer melhor os nomes de cada uma. A partir daí, faço a defesa técnica dos indicados e quem define os escolhidos é a Petrobras”, disse.
Para os Jogos de Paris 2024, por exemplo, ela contou que batalhou para que representantes do breakdance (ou breaking) e da escalada fossem integrados ao Time Petrobras. São esportes que ou farão a estreia em Paris, ou fizeram em Tóquio.
Na Olimpíada passada, aliás, Adriana também havia buscado atletas de modalidades estreantes, como surfe e skate.
“Sabemos que há casos em que o atleta não chegará [aos Jogos], mas será sempre grato pelo apoio recebido”, finalizou.