O atacante Cristiano Ronaldo, do Al-Nassr, está enfrentando um processo de ação coletiva nos Estados Unidos por ter feito anúncios relacionados à Binance, considerada uma das maiores bolsas de criptomoedas do mundo. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (30) pela BBC, que teve acesso ao processo registrado no Tribunal Distrital da Flórida, em Miami, na última segunda-feira (27).
Os demandantes, cujas identidades não foram reveladas, alegam que a imagem do jogador os levou a realizar “investimentos deficitários” e agora buscam indenizações superiores a US$ 1 bilhão (equivalente a R$ 4,92 bilhões, na cotação atual).
Tanto a equipe do jogador quanto a empresa foram contatadas pela BBC, mas não se manifestaram.
Ascensão e queda das NFTs
Em novembro de 2022, a Binance anunciou sua primeira coleção de tokens não fungíveis (NFTs), denominada CR7, em parceria com Cristiano Ronaldo, que afirmou que esses tokens recompensariam os fãs “por todos os anos de apoio”.
Os NFTs são ativos virtuais que podem ser comprados e vendidos, mas não possuem forma física própria, existindo apenas digitalmente.
Em um vídeo nas redes sociais anunciando a parceria, o atacante disse aos potenciais investidores que, juntos, “mudariam o jogo dos NFTs e levariam o futebol para o próximo nível”.
O NFT mais barato da coleção foi precificado em US$ 77 quando foi lançado em novembro de 2022, mas, um ano depois, estava precificado em cerca de US$ 1.
Valores mobiliários não registrados
Os demandantes também alegam que a promoção do astro português à Binance resultou em um “aumento de 500% nas buscas” pela exchange de criptomoedas, e que isso levou as pessoas a usarem a empresa para investir em “valores mobiliários não registrados”.
De acordo com a Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio dos EUA (SEC, na sigla em inglês), esses ativos podem ser considerados valores mobiliários, portanto, celebridades que os endossam devem seguir a lei dos EUA.
O presidente da SEC, Gary Gensler, afirmou que celebridades devem “divulgar ao público de quem e quanto estão sendo pagos para promover investimentos em valores mobiliários”.
Além disso, os demandantes alegam que o português deveria ter divulgado por quanto estava sendo pago, mas não o fez.
E agora?
O jogador e a Binance, ao que tudo indica, têm planos de trabalhar juntos novamente no futuro. Há dois dias, a empresa fez uma postagem nas redes sociais, afirmando que está “cozinhando algo” com CR7.
Outros processos
O processo de ação coletiva foi apresentado uma semana após o Departamento de Justiça dos EUA ordenar que a empresa pagasse US$ 4,3 bilhões em outro processo. A acusação contra a Binance inclui facilitar a movimentação de dinheiro para criminosos e terroristas.
À ocasião, o ex-CEO Changpeng Zhao renunciou à empresa, admitindo violações e lavagem de dinheiro.