EXCLUSIVO: DSports aposta em nichos para crescer no streaming brasileiro

Novo canal esportivo da Directv Go, a DSports surgiu há dois meses explorando nichos de mercado que não vinham sendo bem atendidos por outras emissoras da área. O canal de streaming apostou na cobertura da Série C do Brasileirão, em que divide as transmissões com o DAZN e a NSports, e em competições de MMA e ciclismo.

A ideia é aproveitar direitos esportivos para a América Latina que já estejam nas mãos da Torneos, empresa argentina dona da DSports. O canal exibe no Brasil, por exemplo, os eventos da Professional Fighters League (PFL), dos Estados Unidos. A liga de MMA rivaliza com o UFC e o Bellator. Na América Latina, a empresa já criou um canal só de lutas, o DSports Fight. No Brasil, a empresa ainda engatinha.

“Os direitos são comprados pela Torneos, que é quem põe o canal de pé no Brasil. A empresa não operava um canal [de esportes] no Brasil e agora estão aprendendo a fazer”, contou Gustavo Fonseca, CMO (chefe de marketing) da Vrio, controladora da Directv e da Sky no Brasil, em entrevista à Máquina do Esporte.

A Torneos não operava um canal [de esportes] no Brasil e agora estão aprendendo a fazer.

Giro d’Italia

No ciclismo, um dos sucessos da plataforma foi a transmissão do Giro d’Italia, encerrado no último dia 29 de maio com vitória do australiano Jai Hindley. A competição é uma das três mais importantes do calendário do ciclismo de estrada ao lado do Tour de France e da La Vuelta.

“Para quem faz Ironman ou gosta de esporte olímpico, [o Giro d’Italia] é um evento enorme. Na Colômbia e no Equador, as pessoas param para ver. No Brasil, ainda é um esporte que está pegando, mas tem sua base de fãs”, afirmou Fonseca.

“Mas no sábado e domingo com as transmissões do Giro d’Italia, a DSports tem sido um dos dez canais com maior audiência na Directv Go. É algo que costuma acontecer em canais de esporte quando se tem grandes eventos. Mas impressionou porque a DSports está na nossa grade, mas nem todo mundo sabe”, acrescentou o executivo.

Ferroviário e Paysandu jogam pela Série C: times atraem audiência regional à DSports

 

Série C e audiência regional

A Série C, porém, é o principal evento transmitido pela plataforma, conseguindo atingir boa audiência em algumas capitais, já que times tradicionais disputam a competição que vale quatro vagas na Série B do Campeonato Brasileiro de 2023.

“Jogo do Vitória, do Paysandu e do Remo explode o interesse. Conseguimos ver a audiência de maneira on-line, não preciso esperar o Ibope. E é impressionante a audiência nessas praças. São jogos que mobilizam as cidades”, destacou Fonseca, referindo-se a Salvador (BA) e Belém (PA).

Pelo acordo de sublicenciamento com o DAZN, a DSports transmite cinco partidas por rodada. A transmissão fica a cargo da detentora dos direitos, e a DSports entra com narradores e comentaristas próprios.

Jogo do Vitória, do Paysandu e do Remo explode o interesse. É impressionante a audiência nessas praças. São jogos que mobilizam as cidades [Salvador e Belém].

A Série C também atinge outras capitais graças aos times locais presentes na competição. É o caso, por exemplo, de Florianópolis (Figueirense), João Pessoa (Botafogo-PB), Natal (ABC), Manaus (Manaus), Fortaleza (Ferroviário) e Aracaju (Confiança). Até praças fortes do interior, como Campina Grande (Campinense), Ribeirão Preto (Botafogo-SP) e Pelotas (Brasil) trazem audiência para o novo canal da Directv Go.

“A Série C mobiliza muito em determinadas regiões do país, não necessariamente em São Paulo. Eu tenho uns mapas de calor, que formam umas bolhas vermelhas de vez em quando no mapa do Brasil, dependendo do evento que está no ar”, revelou Fonseca.

Novos investimentos

Para o futuro, dependendo do crescimento do canal e do interesse da audiência, a DSports pode ampliar sua atuação não apenas em eventos, mas também em criação de programas de jornalismo e entretenimento produzidos no Brasil.

“Tem um plano da Torneos de criar programação parecida com o que tem do lado de lá, com programas próprios. Mas a Torneos ainda está construindo essas coisas. O plano original, lá atrás, era tentar fazer simulcast [transmissão simultânea] dos programas em castelhano, mas eles testaram e não deu muito certo”, disse Fonseca.

Não é intenção da DSports ser um canal para colombianos ou argentinos que vivem no Brasil.

“A gente tem canais étnicos no Brasil, como emissora japonesa, alemã, etc. Não é intenção da DSports transmitir eventos para colombianos ou argentinos que vivem no Brasil. Caiu rápido a ficha sobre isso”, completou.

Outro esporte que a DSports tem olhado com interesse é o vôlei. A plataforma já transmitiu o Campeonato Sul-Americano Feminino de clubes, em maio, com bom retorno. A ideia é examinar outras competições que ninguém ainda tenha adquirido os direitos no Brasil para exibição.

“O vôlei é um esporte relevante no Brasil. Quando a seleção está em quadra, a torcida se mobiliza. A gente dá um feedback de audiência para a Torneos de tudo o que estamos fazendo por aqui”, finalizou o executivo.

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