Os adolescentes atuais estão abandonando os exercícios físicos mais cedo do que nunca e em maior número. A revelação foi feita pela pesquisa global “State of Mind Study” (“Estudo do Estado da Mente”, em tradução livre), realizada pela marca japonesa de materiais esportivos Asics, entre os dias 17 de novembro e 21 de dezembro do ano passado. Foram ouvidas 26 mil pessoas em 22 países, incluindo o Brasil.
O estudo foi liderado pelo pesquisador Brendon Stubbs, do Kings College London, do Reino Unido, e buscou estabelecer uma ligação entre a atividade física e a mente. A pesquisa também destaca a relação entre o exercício na adolescência e o estado de espírito na idade adulta.
Os resultados indicam que o nível de atividade física da Geração Z (pessoas de 18 a 27 anos) é menor que o dos grupos etários que a antecederam.
Enquanto 82% dos integrantes da chamada Geração Silenciosa (indivíduos de mais de 78 anos) tinham o hábito de praticar exercícios várias vezes por semana na juventude, na Geração Z o índice chega a apenas 55%.
O estudo da Asics também mostra que 57% dos membros da Geração Silenciosa realizavam atividades físicas diárias na infância, contra somente 19% da Geração Z.
Segundo os autores da pesquisa, a menor taxa de atividades físicas se reflete nas pontuações de estado de espírito aferidas entre os jovens atuais. A Geração Z alcançou 62 pontos no índice, enquanto a Geração Silenciosa marcou 70, em uma escala que vai até 100.
“Independentemente da idade atual ou dos níveis de atividade, globalmente, aqueles que eram menos ativos na juventude têm pontuações de estado de espírito mais baixas na idade adulta do que aqueles que eram regularmente ativos, inclusive sendo 11% menos focados e 10% menos confiantes”, afirma a pesquisa.
Período crítico
O estudo da Asics identificou a faixa etária dos 15 aos 17 anos como sendo o período mais crítico para o indivíduo se manter ativo ao longo da vida. É nessa fase também que o abandono do exercício afeta significativamente o estado mental da pessoa pelos próximos anos.
Globalmente, 58% das pessoas que praticavam atividades físicas regulares entre os 15 e 17 anos ainda mantêm a rotina de exercícios na vida adulta, contra 53% daqueles que não tinham esse hábito na adolescência.
O índice médio de estado de espírito na vida adulta, identificado entre as pessoas que se exercitavam com frequência entre os 15 e 17 anos, foi de 66 pontos, contra 61 entre aqueles que não praticavam atividades físicas regulares nessa idade.
“Na verdade, cada ano adicional que um adolescente permaneceu praticando exercícios foi associado a uma melhoria na pontuação do estado de espírito na idade adulta”, ressalta o estudo.
Nível de atividade física influencia estado de espírito
O índice de estado de espírito, utilizado na pesquisa, consiste em uma escala que pode chegar até 100, calculada com base nas pontuações médias acumuladas mediante a avaliação de dez características cognitivas e emocionais.
O estudo buscou avaliar o quanto cada entrevistado se considera positivo, contente, relaxado, focado, composto, resiliente, confiante, alerta, calmo e energizado, em escalas que vão até 10 pontos cada.
Segundo a pesquisa da Asics, o índice médio de estado de espírito entre as pessoas que praticam menos de 30 minutos semanais de atividades físicas foi de 54 pontos.
Entre aqueles que se exercitam de 30 a 149 minutos por semana, a pontuação chegou a 61. Já aqueles que treinam mais de 150 minutos semanais atingiram 67 pontos.
Os melhores índices gerais foram registrados na China e na Índia, que alcançaram, respectivamente, 78 e 73 pontos. A menor pontuação média foi verificada no Japão (52). No Brasil, ficou em 62 pontos.
Disparidade de gênero
A pesquisa também mostra uma disparidade de gênero nas atividades físicas, com as mulheres, especialmente as jovens, exercitando-se significativamente menos que os homens e também apresentando menores pontuações no índice de estado de espírito (média de 62, contra 68 dos entrevistados masculinos).
De acordo com o estudo, 62% dos homens com menos de 40 anos praticam atividades físicas regularmente. Já entre as mulheres da mesma faixa etária, o percentual chega a 56%.
Os autores da pesquisa da Asics acreditam que as mulheres das Gerações Z e Millennials (também conhecida como Y, de pessoas nascidas entre 1980 e 1995) têm mais a ganhar com a prática frequente de exercícios.
“As pontuações do estado de espírito entre mulheres jovens ativas são 23% mais altas do que as das inativas da Geração Z, e 28% mais elevadas do que as das mulheres inativas da Geração Y“, conclui o estudo.