Nesta semana, a cidade de Las Vegas anunciou sua mais nova franquia esportiva. Após a aprovação proferida pela Major League Baseball (MLB), a franquia Oakland Athletics sacramentou sua mudança da Califórnia para a cidade localizada no deserto de Nevada e que, por décadas, é reconhecida como a capital dos cassinos nos Estados Unidos.
Este movimento indica que Las Vegas procura dar um passo a mais em matéria de entretenimento, indo para além dos hotéis, shows e lutas de boxe ou MMA. A cidade e sua região metropolitana, conhecida como Las Vegas Valley, têm apostado alto, nos últimos tempos, buscando se tornar um dos principais polos esportivos dos Estados Unidos.
Com investimentos na ordem de US$ 7,7 bilhões, feitos por empresas e pelo poder público desde a década passada, Las Vegas vai, aos poucos, passando de “Capital do Pecado” para “Capital do Esporte”.
Os investimentos viabilizaram a realização da prova que é considerada a principal atração anual do calendário da Fórmula 1, o Grande Prêmio de Las Vegas, e também a criação de uma infraestrutura, que inclui modernas arenas multiuso, para abrigar jogos de equipes de grandes ligas como NFL, WNBA e NHL.
Vale lembrar que o UFC Performance Institute fica em Enterprise, cidade localizada no Las Vegas Valley e onde está instalado o centro de treinamento da organização de artes marciais mistas. Além disso, desde as décadas de 1950 e 1960, Las Vegas tem sido palco de lutas de boxe importantes e de repercussão internacional.
Mas, apesar de contar com uma das maiores infraestruturas de turismo do país e figurar entre as maiores cidades dos Estados Unidos, por muito tempo a cidade esteve longe das principais ligas esportivas norte-americanas.
Jogos de azar
Questões de ordem política e cultural impediram que o casamento de Las Vegas com as grandes ligas dos Estados Unidos pudesse se concretizar.
O fato da economia de Las Vegas estar baseada nos jogos de azar criava uma forte resistência por parte das organizações responsáveis pelas principais competições do país. A situação era tão séria que, por muito tempo, a cidade não conseguiu sequer veicular anúncios de promoção do turismo durante o intervalo do Super Bowl, principal evento esportivo dos Estados Unidos.
Hoje, o Las Vegas Valley não possui apenas sua própria franquia da NFL, o Las Vegas Raiders (coincidentemente também ex-Oakland), como sediará o evento, pela primeira vez na história. O Super Bowl LVIII será realizado em 11 de fevereiro de 2023, no Allegiant Stadium, localizado em Paradise, no estado de Nevada.
Mudanças ocorridas na configuração econômica da cidade em tempos recentes ajudaram a quebrar a resistência dos setores mais conservadores da opinião pública norte-americana em relação àquela que já foi conhecida como a “Cidade do Pecado”.
Por um lado, Las Vegas e sua região metropolitana firmaram-se como polo de diversas empresas na área de tecnologia. Ao mesmo tempo, o perfil de entretenimento oferecido pela cidade passou a ganhar um ar mais diversificado e menos focado nos jogos de azar.
Foi assim que, em 2017, a primeira grande liga norte-americana desembarcou no deserto de Nevada. No caso, a NHL, com o Vegas Golden Knights.
A chegada da franquia de hóquei ajudou a quebrar a resistência nas principais competições. Em 2020, os Raiders deixaram Oakland rumo a Las Vegas, movimento seguido pelos Athletics, da MLB, em 2023. Isso sem contar o Las Vegas Aces, franquia da WNBA, que chegou à cidade em 2018, depois de passagens por San Antonio (Texas) e Salt Lake City (Utah).
Investimentos
A construção da T-Mobile Arena, casa do Vegas Golden Knights e que tem capacidade para aproximadamente 20 mil pessoas, custou US$ 375 milhões em 2016.
Este é apenas um dos investimentos feitos pelo Las Vegas Valley em infraestrutura esportiva. No caso da organização do GP de F1, os custos estimados totais para a organização da prova nas temporadas 2023, 2024 e 2025 estão na casa de US$ 1,5 bilhão, o que inclui US$ 6,5 milhões anuais em gastos do poder público.
O custo estimado para os três anos de GP de F1 é similar ao que deve ser investido na construção de um estádio com mais de 30 mil lugares para abrigar os jogos dos Athletics. A previsão é de que a nova arena seja inaugurada em 2028.
Com capacidade para 65 mil espectadores (que pode ser expandida para 72 mil), o Allegiant Stadium foi inaugurado em 2020. À época, o palco da final do Super Bowl LVIII teve um custo total de US$ 1,8 bilhão.
Segundo a Las Vegas Convention and Visitors Authority (LVCVA), de julho de 2021 a junho de 2022, a região metropolitana da cidade sediou 41 eventos esportivos profissionais, que atraíram 1,8 milhão de espectadores. Isso equivale a 5,1% do total de visitantes que estiveram em Las Vegas no período.