Boliviano radicado nos Estados Unidos, Marcelo Claure voltou recentemente suas atenções para o Brasil. Vice-presidente da Shein global e comandando as operações da empresa na América Latina, ele desempenhou, em 2023, um papel fundamental para contornar a crise gerada pela tentativa do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de taxar os e-commerces da Ásia.
Agora, Claure resolveu ampliar sua presença no país, investindo em esporte. No exterior, ele é um dos sócios de clubes como Bolívar, de seu país natal, e do Girona, equipe que ocupa a segunda colocação da LaLiga na atual temporada, empatado em número de pontos com o Real Madrid. Nos dois casos, sua participação é em parceria com o City Football Group.
O primeiro investimento de Marcelo Claure em esporte no país será em uma modalidade nova. Trata-se do E1, primeiro campeonato de barcos movidos a eletricidade. Batizada, por ora, de Team Brazil, a empreitada é feita em parceria com Eduardo Sirotsky Melzer, seu sócio na eB Capital, fundo de private equity com presença no Brasil e nos Estados Unidos. Ele é neto do fundador do Grupo RBS, Maurício Sirotsky Sobrinho, e presidiu o conselho de administração da empresa de comunicação, entre 2016 e 2020.
Em entrevista à Máquina do Esporte, Claure explicou os motivos que o levaram a investir em uma equipe brasileira para disputar uma competição ainda pouco conhecida do grande público.
“Para mim, é um esporte totalmente novo. Mas dentro dos investimentos que faço no Brasil, voltados à questão da ‘economia verde’, fazia todo sentido. Porque acredito que o futuro do país está nessa área. Notei que não havia participantes brasileiros na competição e resolvi, a convite de Eduardo Melzer, lançar o Team Brazil”, disse.
Decisão rápida
Claure admite que criação da equipe foi uma das decisões mais rápidas que já tomou na vida. “Quando iniciamos o trabalho, no mês passado, tínhamos apenas 45 dias pela frente, até a prova inicial”, afirmou. A primeira corrida será nos dias 2 e 3 de fevereiro, em Jidá, na Arábia Saudita, cidade que foi sede do último Mundial de Clubes da Fifa.
Por enquanto, vários “detalhes” ainda precisam ser definidos no time, como patrocinadores, motor do barco e pilotos. Nesta fase inicial, a tendência é que não sejam utilizados profissionais brasileiros, pois, devido ao curto prazo para colocar a equipe em funcionamento, o Team Brazil terá de buscar no exterior pessoas que já têm experiência nesse tipo de competição.
“Em um futuro breve, quero ter pilotos brasileiros. E, a partir de 2025, poder tornar o Brasil uma das sedes da E1”, afirmou Claure.
Sobre as eventuais sedes brasileiras da competição, Claure cogita três possibilidades: Rio de Janeiro (RJ), o estado do Amazonas (por ser um símbolo da sustentabilidade) ou Belém (PA), que receberá a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30). “Precisa ser um local icônico”, disse.
O executivo também ressaltou que cada equipe tem dois pilotos, sendo um homem e uma mulher. “As regras da E1 preveem isso e também que ambos devem ter boa performance nas corridas, para a equipe obter boa pontuação”, explicou.
O Team Brazil enfrentará na E1 times comandados por figuras vitoriosas do esporte mundial. A lista de proprietários inclui nomes como o astro do futebol americano Tom Brady, o jogador de futebol Didier Drogba, o tenista Rafael Nadal e o piloto de Fórmula 1 Sergio Perez.