A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) estabeleceu para 2022 um contrato para os atletas da seleção brasileira em que repassará valores da Lei Piva para apoiar viagens e treinos ao longo da temporada. Como contrapartida, a entidade quer aproveitar a popularidade dos skatistas nas redes sociais para divulgar ações em conjunto.
“Na verdade, esse contrato sempre existiu para a formalização dos repasses do COB [Comitê Olímpico do Brasil]. A grande diferença, neste momento, é que incluímos, de mútuo acordo, um projeto de comunicação mais abrangente, em que a CBSk e os skatistas vão comunicar muita coisa em conjunto”, afirmou Eduardo Musa, presidente da confederação, em entrevista exclusiva à Máquina do Esporte.
“Queremos usar a força dos skatistas para falar sobre o skate brasileiro, o mercado do skate. O objetivo dessa união é fortalecer e divulgar a imagem do skate brasileiro”, acrescentou.
Musa afirmou que o acordo não causará atrito entre os patrocínios dos atletas e os da confederação.
“Em competições oficiais, como Pan-Americano e Olimpíada, o tênis e o skate são deles. Da meia para cima é da confederação. Mas no Circuito Mundial, eles competem 100% com os parceiros deles.”
Neste ano, por conta do bom desempenho do skate na Olimpíada de Tóquio 2020, a CBSk ganhará um repasse de R$ 6.886.082,93 para suas atividades. Nos Jogos Olímpicos, o Brasil conquistou três medalhas de prata, com Rayssa Leal e Kelvin Hoefler (street) e Pedro Barros (park).
“Tem skatista que não tem condição de viajar pelo mundo para disputar a vaga olímpica. A gente dá a mesma estrutura para todos”, disse Musa.
Essa foi uma reclamação que ocorreu durante a Olimpíada, expondo um racha na equipe brasileira. Letícia Bufoni, uma das atletas da seleção, chegou a dizer que Kelvin Hoefler havia bloqueado o perfil da confederação para não ser marcado pela entidade nas redes sociais. Já o skatista reclamou de um suposto tratamento privilegiado dado a alguns atletas.
A CBSk, por sua vez, destacou que o objetivo é dar equidade de condições entre os 25 atletas da equipe adulta e os 12 da seleção júnior na disputa pelas 12 vagas possíveis do Brasil para Paris 2024.
“Tem um valor financeiro que o atleta recebe mensalmente. E a confederação ainda banca uma equipe multidisciplinar, com psicólogo, fisioterapeuta e consultores técnicos, que ficam à disposição da seleção. Também pagamos hospedagem e alimentação durante as competições”, afirmou o dirigente.
Mesmo com a visibilidade obtida na Olimpíada, a confederação hoje conta apenas com o patrocínio da Caixa Econômica Federal. Musa espera anunciar em breve mais três parceiros, sendo um deles uma marca de material esportivo.
“A gente quer escolher com muita calma. Não tem necessidade de fechar qualquer acordo que apareça. Dinheiro é importante, mas não é fundamental. Queremos entender como a empresa vai trabalhar o skate, para que não associe com quem não vá atuar no skate como um todo”, finalizou Musa.