O ano de 2020 pode ter representado um marco para o esporte globalmente e, mais ainda, para a luta contra o racismo. Protestos nas ruas se somaram ao dos atletas em meio às principais competições esportivas. Mas, para além disso, pela primeira vez as principais lideranças do esporte fora das quatro linhas deram suporte aos manifestantes.
“Os principais envolvidos no esporte perceberam que eles precisam se posicionar e, mais do que isso, que eles têm força para isso. Em 2020 a gente não teve represália grande aos atletas que se posicionaram. E é aí que está a esperança de essa luta crescer ainda mais”, afirma Marcelo Carvalho, fundador do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, órgão criado em 2014 pelo executivo para mensurar como o racismo ainda está encravado no futebol.
Em entrevista ao podcast Maquinistas, Marcelo diz que há uma mudança de uma regra “não escrita” que sempre permeou o esporte.
“O recado que existia antes, não formal, era o de que, se você se posicionasse, você estaria fora do jogo. Não de uma disputa, mas de todo o esporte. Agora, o recado é de que, quem falou, não está fora do processo. Mais atletas se posicionaram e mais atletas vão se posicionar agora que o clube está ao lado, que a federação está ao lado. É esse processo que está acontecendo. Há mais posicionamentos, que levam os atletas a se posicionarem mais. É um puxando o outro”, acredita Marcelo, que também vê um ganho financeiro para quem abraçar a causa da diversidade.
“O futebol não pode mais pensar que o público que o consome é formado por homens brancos. tem mulheres, tem magros, tem gordos. Eu preciso ter produto para tudo isso. Se eu penso comercialmente que eu preciso ter diversidade, eu preciso ter pessoas diversas dentro desses espaços. Eu acho que é aí que o futebol peca”, conclui