“É normal fazer muito calor no Rio de Janeiro. Mas não desse jeito. Além disso, não há previsão de uma gota de chuva sequer durante todo o torneio. São pelo menos 9 dias [2 do qualifying e 7 da chave principal] sem chuva. Estamos em pleno verão, e sempre chove no Rio Open. Ou seja, também não é normal”.
Com essa frase, a arquiteta Carolina Dantas, que é carioca e comparece ao maior torneio de tênis da América do Sul pela terceira vez em 2025, resumiu a atual semana no Rio de Janeiro. As temperaturas vêm passando constantemente dos 40ºC, com sensações térmicas beirando os 50ºC, o que fez, inclusive, com que os jogos do Campeonato Carioca tivessem seus horários alterados para preservar a saúde dos atletas.
Expressões como mudanças climáticas, ondas de calor, ilhas de calor e tantas outras são cada vez mais comuns e, claro, não tem como o esporte ficar fora disso. Já há diversas iniciativas espalhadas em clubes, federações e ligas, mas, como um evento internacional de grande porte, único ATP 500 da América do Sul, o Rio Open tenta servir de exemplo e, com o passar dos anos, realizar cada vez mais ações de olho na sustentabilidade e no meio ambiente.
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Histórico
Em 2019, o Rio Open iniciou o desenvolvimento do relatório de gestão de resíduos. No ano seguinte, pouco antes da pandemia de Covid-19 (que, inclusive, faria com que a edição de 2021 fosse cancelada), nasce o Rio Open Green, pilar ambiental do torneio, com investimentos em iniciativas para minimizar o impacto ambiental causado pelo evento e a promoção de ações para inspirar e gerar conscientização sobre a preservação do meio ambiente.
Esse pilar trabalha em duas frentes: neutralização de emissões de carbono e cuidado com os resíduos.
Desde a criação do Rio Open Green, as ações de controle ambiental foram ampliadas, sendo implementadas desde a etapa de planejamento do evento, quando são aplicados os princípios da circularidade na cadeia de resíduos, por meio de três etapas: redução, reciclagem e reutilização.
Além disso, em parceria com a Engie, o Rio Open começou a compensar as emissões de carbono por meio de créditos de carbono cedidos pela Hidrelétrica Jirau, com certificação da Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 2022, o deslocamento do público foi incluído no cálculo das emissões. Foi criado um site para o público declarar a forma de deslocamento e aprimorar os cálculos de emissão, sendo colocadas em prática campanhas de conscientização on-line e também no próprio evento.
Resíduos
Sobre a gestão de resíduos, o objetivo é minimizar o impacto ambiental gerado durante todas as etapas do evento, desde a montagem, que começa em dezembro, até a desmontagem, que termina em abril.
Diversas ações foram implementadas para garantir que todos os resíduos fossem gerenciados adequadamente, seguindo normas e práticas sustentáveis. Há, por exemplo, caçambas para armazenar temporariamente os resíduos recicláveis e não recicláveis em parceria com uma cooperativa de catadores, garantindo a separação dos resíduos: os não recicláveis seguem para um aterro sanitário, os orgânicos para compostagem, o óleo de fritura para a fabricação de sabão pastoso, e a madeira se transforma em biomassa.
Existe uma equipe dedicada responsável pela coleta dos resíduos das lixeiras distribuídas ao longo do evento, assegurando a limpeza e a organização do local. Além disso, há lixeiras específicas identificadas com as cores verde e marrom para facilitar a separação dos resíduos por parte do público que comparece ao evento.
Por fim, o torneio ainda conta com a participação do projeto Long Live The Passion, que transforma resíduos de eventos em peças exclusivas que conectam histórias e promovem sustentabilidade. No caso do Rio Open, o projeto transforma tampinhas plásticas de garrafas e cordas das raquetes dos jogadores em objetos que são comercializados inclusive na La Boutique, loja oficial do evento.
“Desde a criação do Rio Open, sempre buscamos aliar o poder transformador do esporte ao impacto positivo na sociedade. Fazer a nossa parte para contribuir com um futuro mais sustentável é um compromisso assumido. Queremos evoluir a cada ano e inspirar novas atitudes em todos ao nosso redor. Reafirmamos nosso compromisso com o meio ambiente mostrando que é possível realizar eventos desse porte de maneira ambientalmente responsável. E estamos muito orgulhosos da nossa certificação de neutralização de carbono pelas Nações Unidas”, enfatizou Marcia Casz, diretora-geral do Rio Open.
Engie
A Engie Brasil é patrocinadora do torneio desde 2019, e, desde 2020, as emissões são neutralizadas com o uso de créditos de carbono oriundos da produção de energia renovável da Hidrelétrica Jirau, localizada no Rio Madeira, em Rondônia, e que é registrada no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da Organização das Nações Unidas (ONU).
“A parceria com o Rio Open nos orgulha muito e segue em constante evolução. Inicialmente, começamos descarbonizando o próprio evento. Em seguida, incluímos o deslocamento dos atletas e, há dois anos, também contabilizamos o deslocamento do público. No início, em 2019, doamos aproximadamente 400 créditos de carbono e, em 2023, esse número subiu para quase 1.500. Em 2024, doamos mais de 1.700 créditos. Cada crédito equivale a uma tonelada de CO2. Desejamos que este ano os números sejam ainda maiores”, afirmou Edson Silva, diretor-presidente da Jirau Energia.
Para se ter uma ideia, apenas no ano passado, foram neutralizadas 1.713 toneladas de CO2 equivalente (tCO2e). Ao todo, desde 2020, o Rio Open já neutralizou a emissão de 4.686 tCO2e. Foram quatro edições realizadas nesse período, uma vez que, em 2021, a competição não foi disputada por conta da pandemia de Covid-19.