Conheça como é feito um tênis apenas por robôs

On Running montou um hub para mostrar nova tecnologia LightSpray em Paris - Wagner Giannella / Máquina do Esporte

Um pequeno espaço perto da Place de la République, em Paris, guarda a mais recente inovação tecnológica da On Running no segmento de calçados de alta performance. Nestes primeiros dias de Jogos Olímpicos na Cidade Luz, a Máquina do Esporte visitou o hub montado pela marca suíça, que inclusive fornece material esportivo para a delegação de seu país em Paris 2024, para conhecer e entender como um tênis é feito apenas por robôs.

Vale destacar que o espaço está aberto à visitação. Ou seja, até 10 de agosto, véspera do encerramento da Olimpíada, qualquer pessoa que esteja na capital francesa pode ir até lá para assistir aos robôs trabalhando ao vivo na fabricação. No local, a Máquina conversou com Alexandre Martinez, diretor de marketing da On no Brasil, que apresentou a tecnologia e deu detalhes da estratégia da marca.

A tecnologia

Batizada de LightSpray, a tecnologia foi desenvolvida na On Labs, em Zurique, na Suíça, e tem como característica o fato de se moldar aos pés, com uma construção de cabedal feita a partir de pulverização, um processo que reduz as emissões de CO2, com o intuito de “abrir caminho” para um futuro circular e uma fabricação mais rápida e localizada. O modelo que faz parte da primeira exibição pública da tecnologia em Paris é o Cloudboom Strike LS (LightSpray), um tênis de corrida de alto desempenho.  

De acordo com a On, os cabedais LightSpray não são construídos como os cabedais tradicionais dos tênis de performance. Eles são feitos com precisão em um rápido processo de fabricação de apenas uma etapa, que dura apenas três minutos, automatizada por um braço robótico na sede da empresa. O resultado é um cabedal de peça única considerado ultraleve que proporciona um melhor ajuste e um melhor suporte. Além disso, o design ultrafino e sem costuras minimiza detalhes que possam distrair o corredor e até elimina a necessidade de cadarços.

O processo é totalmente robotizado. Com relação à sustentabilidade, reduz o desperdício ao produzir um cabedal com 75% menos emissões de carbono do que outros calçados de corrida da própria On. A tecnologia permite a produção mais rápida de sapatos de alto desempenho com menos perda de material e cria novas oportunidades para fabricação de produtos circulares, graças à construção de um material único reciclável e ao processo de montagem que elimina a necessidade de cola.

“O LightSpray é um marco significativo para a On, não apenas na criação de produtos de alto desempenho, mas também no potencial que tem para nos mover em direção a um futuro mais sustentável e circular. Nossa equipe está constantemente se desafiando a repensar o status quo em termos de design, desenvolvimento e fabricação de roupas esportivas de desempenho. A tecnologia LightSpray nos impulsionará na nossa missão de ser a marca de roupas esportivas mais premium, enraizada em inovação, design e impacto”, comentou Marc Maurer, co-CEO da On Running.

De acordo com a empresa, os atletas da marca estiveram intimamente envolvidos no design e nos testes da tecnologia. No início deste ano, a queniana Hellen Obiri, quatro vezes campeã mundial e vencedora das Maratonas de Boston e Nova York, usou uma versão de desenvolvimento do Cloudboom Strike LS ao conquistar a Maratona de Boston pelo segundo ano consecutivo.

Para se ter uma ideia, o cabedal do tênis pesa apenas 30g, enquanto o produto todo pesa 158g (feminino) e 170g (masculino). O produto possui uma placa de carbono rígida pré-moldada, que surge inserida entre a espuma.

De onde veio a ideia?

Uma curiosidade é que a inspiração para o LightSpray veio de uma fonte inesperada: uma decoração de Halloween. Um membro da equipe de inovação da On teve a ideia após assistir a um vídeo que mostrava uma pistola de cola quente criando teias de aranha.

Intrigado pela criação tão rápida de um tecido em uma forma complexa, ele viu um sapato como a aplicação perfeita para essa tecnologia. A equipe, então, começou criando um protótipo simples de cabedal com uma pistola de cola quente modificada. Em seguida, desenvolveu uma unidade que produz um filamento contínuo, formando uma estrutura projetada.

Esta estrutura eventualmente se tornou um cabedal de peça única, pulverizado em um único passo. E uma tecnologia de fusão térmica integrada e patente pendente permite que os cabedais LightSpray se unam perfeitamente ao solado intermediário sem a necessidade de cola.

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