Desde que se consolidaram como espetáculos de massa na sociedade moderna, as diferentes modalidades esportivas sempre carregaram consigo um ar de competição. Por maior que seja a nobreza de espírito apregoada por determinado esporte, no fim das contas, as pessoas, na maioria dos casos, entram no jogo para vencer, ou torcem para um dos lados ganhar e para o adversário perder.
A democratização de determinados esportes, porém, tem ajudado a superar o estigma da competitividade. As corridas de rua são um grande exemplo dessa transformação de concepção.
Nelas, ainda existem pessoas disputando em alto nível e buscando o primeiro lugar no pódio. Ao mesmo tempo, porém, a imensa maioria dos competidores está ali apenas para participar, dando o seu melhor, mas sem se preocupar em sobrepujar ninguém. É a partir dessa abordagem mais democrática que as corridas de rua vêm se consolidando como importantes espaços de inclusão.
Essa modalidade de evento foi a escolhida pelo Instituto Olga Kos para promover o respeito e integrar as pessoas com deficiência aos demais públicos.
Inclusão a Toda Prova – Corrida e Caminhada pela Inclusão é uma iniciativa que alcançará, neste ano, a 10ª edição em São Paulo (SP). O evento também será realizado em 1º de dezembro, no Rio de Janeiro (RJ) e em Brasília (DF), em uma estratégia de expansão que já havia sido adiantada pelo presidente da entidade, Wolf Kos, em uma entrevista concedida à Máquina do Esporte em 2023.
A data da prova foi escolhida por ser próxima ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro. Em março, o Instituto Olga Kos também realiza a Corrida e Caminhada Pela Inclusão em alusão ao Dia da Síndrome de Down, comemorado no dia 21 do mesmo mês.
Isso sem contar a Corrida Kids, promovida em São Paulo no último sábado (12), em homenagem ao Dia das Crianças. Janaína Ferreira, coordenadora do departamento de esportes do Instituto Olga Kos, explicou que nenhum desses eventos tem como foco a competição.
“O que buscamos é promover o respeito, a empatia e o amor ao próximo”, afirmou.
No caso da Corrida Kids, a entidade sequer definiu vencedores para as provas, pois a ideia principal é estimular a participação, a prática esportiva e o convívio entre os pequenos corredores.
Já no caso das provas adultas, existe uma classificação final para as corridas de 10km e 6,1km, com os três primeiros colocados (masculino e feminino) nas categorias público geral, pessoa com deficiência (PCD) e PCD cadeirante recebendo troféus. Não é paga premiação em dinheiro.
“Nosso objetivo principal é promover a convivência e derrubar as barreiras, para que o público sem deficiência possa vivenciar de perto a realidade das pessoas com deficiência e assim ajudar no combate ao capacitismo”, salientou Janaína.
Crescimento
De acordo com Janaína, as corridas promovidas pelo Instituto Olga Kos têm experimentado um forte aumento no número de participantes ao longo dos últimos anos.
“Nas nossas primeiras edições, a quantidade de inscritos ficava em torno de 3 mil a 4 mil pessoas. Hoje, já ultrapassamos a marca de 18 mil participantes”, afirmou a coordenadora.
Para este ano, a expectativa da entidade é reunir cerca de 20 mil pessoas na prova da capital paulista, que terá início às 7h (horário de Brasília), com largada no Obelisco do Parque do Ibirapuera (clique aqui para conferir informações sobre esta prova e também as do Rio de Janeiro e de Brasília).
Segundo ela, o perfil dos corredores também mudou no decorrer desse tempo.
“No começo, a maioria dos participantes era composta por pessoas sem deficiência, mas que abraçavam a nossa causa. Hoje, a presença do público PCD cresceu de maneira significativa e já se aproxima da metade dos inscritos”, destacou Janaína.
As corridas e caminhadas Inclusão a Toda Prova têm como patrocinadores principais: Shell, Bradesco, Bradesco Seguros, McDonald’s e Equifax Boavista.
Segundo Janaína, a meta do Instituto é levar a Corrida Kids para Rio de Janeiro e Brasília, além de fortalecer a presença com eventos nessas duas cidades.
“Queremos primeiro consolidar o trabalho já iniciado, para depois pensarmos em abrir novas frentes no país”, ressaltou.
Com 17 anos de existência, o Instituto Olga Kos é uma entidade sem fins lucrativos que presta atendimento às pessoas com deficiência ou em situação de vulnerabilidade, por meio de projetos aprovados em leis de incentivo fiscal nas áreas de esporte, artes e pesquisas.
Além das corridas e caminhadas de rua, a instituição desenvolve iniciativas em outras modalidades esportivas, incluindo artes marciais, como capoeira, judô e taekwondo, e ainda esportes coletivos, como basquete e futsal.