Corridas de rua temáticas incentivam a renovação da base de praticantes do running

Corridas de rua temáticas incentivam a renovação da base de praticantes do running - Divulgação

Bob Esponja, Super-Homem, Mickey Mouse, Batman e muitos outros. Além da programação nas telinhas, personagens como esses têm recheado o calendário brasileiro do running com corridas de rua temáticas, que aproximam a cultura pop da prática de esportes e surgem como um motor para a renovação na base de praticantes neste nicho.

Nas provas temáticas, o desempenho esportivo está longe de ser algo relevante. Neste tipo de evento, os participantes podem correr ou caminhar sem qualquer pressão por resultados, já que o foco não está nos tempos a serem batidos. 

Por isso, costumam ser provas mais curtas, que começam até mesmo com caminhadas de 2,5km. Entre as mais longas, estão trajetos de 5 ou 7km, que nem sequer se aproximam de uma meia-maratona (21km), por exemplo.

Essa característica faz das corridas de rua temáticas eventos mais democráticos, que permitem e atraem a participação de pessoas sem experiência neste universo. Com isso, se tornam uma porta de entrada para novos praticantes, como avalia Daniel Krutman, CEO do Ticket Sports, plataforma de inscrições on-line especializada em eventos esportivos.

“As corridas temáticas aparecem com um nível menor de pressão por performance. Quem vai não procura fazer tempo ou bater um recorde pessoal, vai porque se identifica com um conceito ou busca um espaço lúdico de identificação para entrar no esporte de uma maneira mais leve”, explicou o executivo.

“Acaba sendo uma porta de entrada. Tem muito iniciante que chega no mundo das corridas e se apaixona pelo esporte através desse universo de corridas temáticas. Todo esse universo da cultura popular acaba atraindo novos participantes que eventualmente se apaixonam e continuam para sempre”, acrescentou.

Criação de experiências

Do ponto de vista dos negócios, as corridas de rua temáticas também oferecem para as marcas uma possibilidade de exposição e conexão que se distingue de outros tipos de ativação.

As possibilidades são variadas. Os filmes Ghostbusters e Top Gun tiveram provas temáticas que fizeram parte da divulgação, por exemplo. A Paramount, por sua vez, anunciou uma prova em comemoração aos 25 anos do Bob Esponja, com a expectativa de reunir até 7 mil pessoas no Parque Villa-Lobos, em São Paulo (SP), no próximo dia 26 de outubro.

“Tem marca que procura resultado de venda, ganhando percentual de vendas e royalties. No caso de Ghostbusters e Top Gun, foi uma corrida de lançamento do filme, para divulgar e chamar as pessoas para o cinema. As marcas veem na corrida uma possibilidade de divulgar produtos, lançamentos ou uma data comemorativa”, afirmou Thiago Fonseca, gerente de comunicação e marketing da Ponto Org Eventos, organizadora que se especializou neste tipo de prova.

Eventos do tipo também permitem diversas pequenas ativações que reforçam a conexão dos fãs com os ativos das marcas. Além disso, criam uma experiência que tem o potencial de se tornar uma lembrança duradoura na memória dos participantes.

“[No caso da corrida do Bob Esponja] Nossos kits são inspirados nos dois principais personagens, o Patrick Estrela e o Bob Esponja. Teremos também a presença dos personagens e outras experiências, como o meet & greet com pessoas fantasiadas. É uma corrida para agradar os fãs, os corredores e os entusiastas. Une esporte, cultura e lazer”, acrescentou Fonseca.

Futuro

A grande abrangência da cultura pop e de seu público pode ser um grande influenciador para o futuro das corridas temáticas. O fato de se tratar de eventos democráticos potencializa o espaço para a realização deste tipo de evento.

“Vejo um futuro relativamente promissor, porque é um espaço de consumo e existência que combina paixões e deixa a experiência do esporte muito mais acessível. Lógico que haverá ondas, tem espaços de procura de cultura pop que sempre vão ser espaços a serem preenchidos por ativações de corrida. Tudo que é democrático e inclusivo tem futuro. Mesclar cultura pop com o esporte é uma das chaves para um mundo melhor”, projetou Daniel Krutman.

Ainda assim, na avaliação do executivo, essas corridas são eventos com um menor potencial de repetição. Com o tema se mantendo e o desempenho esportivo deixado de lado, as experiências tendem a ser as mesmas ano após ano, o que diminui gradativamente o interesse. Uma saída poderia ser apostar em assuntos mais abrangentes.

“São corridas que têm ciclos, não vejo corridas temáticas com muitos anos, a não ser que sejam temas mais abrangentes. Se for sobre música ou filosofia de vida até que se encaixa, mas esses temas específicos têm ciclos menores, porque a experiência acaba sendo a mesma. Por mais que se sustente por cinco ou dez anos, ele acaba não sendo um produto para sempre, ao contrário de grandes maratonas”, avaliou.

Para Thiago Fonseca, da Ponto Org Eventos, a tendência é que as corridas temáticas acompanhem o crescimento do mercado de running, mas, para isso, ainda precisam receber uma maior atenção das grandes marcas. 

“Hoje, o mercado de corridas está muito aquecido, mas precisamos de mais investimento das marcas com patrocínio nas corridas temáticas. Vemos muito mais as marcas querendo patrocinar as corridas que não são temáticas do que as temáticas. Ainda falta interesse”, ressaltou.

No segundo semestre de 2024, o calendário de provas temáticas pelo Brasil inclui personagens como Bob Esponja, Kung Fu Panda, Harry Potter, Super-Homem, Mulher-Maravilha e Batman. Algumas marcas, como Sportv, Cartoon Network, Disney e Garoto, também farão eventos do tipo.

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