Após sofrerem uma queda drástica em 2020 e 2021, os dois principais anos prejudicados pela pandemia de Covid-19, o setor de eventos esportivos outdoor, que incluem running, ciclismo e natação (assim como as três juntas, o triatlo), se recuperou em 2022. De acordo com dados divulgados pela plataforma Ticket Sports, houve um crescimento de 25% no setor no ano passado, com 3,5 milhões de inscrições nos cerca de 7.300 eventos realizados.
O segmento de esportes outdoor, em especial o running, que conta com um maior número de provas, foi um dos que mais sentiu os impactos da pandemia. No entanto, depois da recuperação em 2022, a tendência é que a curva continue ascendente nos próximos anos.
Atualmente, estima-se que o número de corredores já ultrapassou 13 milhões em todo o Brasil. Os ciclistas são mais de 40 milhões, enquanto os nadadores já superaram 11 milhões. O total de 64 milhões demonstra que deverá haver um aumento expressivo de inscrições a curto prazo, principalmente em provas mais tradicionais e desejadas.
Em 2023, a Maratona do Rio, por exemplo, ultrapassou a Corrida de São Silvestre em número de inscritos. Na prova carioca, foram 40 mil atletas divididos em quatro distâncias (5km, 10km, 21km e 42km). A prova paulista ainda será realizada neste ano, em 31 de dezembro, mas dificilmente chegará a esse número porque conta apenas com uma distância disponível (15km).
Apenas no primeiro semestre de 2023, houve um aumento de 14,44% no número de organizadores e 15,76% do número de eventos. Fundada no mês em que a pandemia chegou com força ao Brasil, março de 2020, a Associação Brasileira de Corridas de Rua e Esportes Outdoor (Abraceo) quer alavancar ainda mais esses números e, para isso, pretende profissionalizar o setor, por meio dos pilares governamental, educacional e networking.
“Ainda hoje algumas prefeituras não enxergam o potencial do nosso setor, mas este cenário está mudando a passos largos”, enfatizou Guilherme Celso, CEO da Chelso Sports e atual presidente da Abraceo.
A própria entidade, que finalizou o primeiro ano de atuação com 44 associados, já possui 77 em 2023.
De acordo com o estudo, outro ponto fundamental do setor é o impacto direto nas áreas de turismo e saúde. Das 3,5 milhões de inscrições feitas em 2022, 60% foram realizadas por pessoas sedentárias, que começaram a praticar atividade física justamente por causa da prova em que se inscreveram. Mais um número que chama atenção é que 70% dos inscritos costumam viajar para participar de provas em outras cidades.
“Os eventos esportivos, com a participação da população, compõem o melhor antídoto para frear a obesidade e os gastos do governo com a saúde, atualmente em R$ 162,9 bilhões. Eles têm o potencial de criar uma nova realidade possível”, destacou Guilherme Celso.