Os planos da Dream Factory para alavancar Maratona do Rio, Sertões e Dream Tour

Dream Tour estreou em 2023 e é o caçula dentro do portfólio da Dream Factory - David Castro / Dream Tour

O nome já entrega qual é o principal objetivo da Dream Factory: uma fábrica de sonhos. Especializada em experiência e entretenimento ao vivo, a agência faz parte do Grupo Dreamers que, entre outros vários braços, conta em seu portfólio com o Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo, e os dois maiores eventos envolvendo galerias de arte da América Latina: ArtRio e ArtSampa.

Capaz de angariar multidões, o esporte também é uma vertical importante do grupo. O portfólio conta há 14 anos com a Maratona do Rio, maior festival de corrida de rua da América Latina, e há quatro anos com o Rally dos Sertões. Desde 2023, a agência passou a cuidar também do Dream Tour, uma das principais competições de surfe do calendário nacional, que estreou há alguns meses.

Desde o ano passado, quem passou a liderar o segmento de esportes da Dream Factory foi o baiano Jued Andari, que teve passagens por Walmart, Odebrecht, Supervia e Eletromidia. Antes de chegar à agência, ainda atuou como diretor de mídia para os 39 shoppings da administradora Aliansce Sonae.

Nesta semana, a Máquina do Esporte conversou durante cerca de uma hora com o executivo. Já no início do bate-papo, ele fez questão de deixar claro o foco da agência: levar a melhor experiência para o fã de esporte.  

“O atleta que está ali, ele está ali para ganhar ou ao menos para fazer o dele bem-feito. Mas e o cara que está assistindo? Será que ele não pode se divertir também, não só ficar assistindo? A experiência é cada vez mais importante. E não é preciso reinventar a roda, bastam coisas simples. Se um cara vai assistir a uma competição de surfe, e eu coloco para ele ali, na areia, uma marcação de quadra de beach tennis, ele vai se divertir, vai ficar feliz, e eu nem precisarei gastar muito com isso”, explicou.

Maratona do Rio

Principal festival de corrida de rua do país e da América Latina como um todo, a Maratona do Rio faz parte do portfólio da Dream Factory há 14 anos. E os planos para a prova, apesar de difíceis, são ambiciosos.

“A Maratona do Rio é nosso estandarte, nossa referência, nossa locomotiva, nosso carro-chefe no segmento de esportes. Existe há 21 anos com a Spiridon, e estamos envolvidos com ela há 14, sempre com um desafio muito grande. Como já é consolidada há muito tempo, o sarrafo dela é bem alto do ponto de vista de operação, produção, logística. São 40 mil pessoas, sem contar milhares de acompanhantes, e a gente sempre tem obrigação de potencializar a prova”, afirmou.

“Como transformar, evoluir a prova ainda mais, proporcionando a melhor experiência para o atleta e aumentando a atratividade entre as marcas? Ela já é a maior prova da América Latina. Mas queremos que ela seja objeto de desejo a ponto de um americano, um europeu, um asiático, um africano escolham vir correr essa prova. O cara que correu Boston, que correu Londres, ele tem que estar no Rio de Janeiro”, completou.

Camisas oficiais de todas as distâncias da Maratona do Rio 2023 já foram apresentadas – Reprodução / Twitter (@adidasbrasil)

Em 2023, a prova completará 21 anos de existência. E a ideia é levar novidades para que o público se sinta instigado a passar muitas horas consumindo o evento.

“Para esse ano, por exemplo, teremos uma feira de expositores, com 30, 35 expositores vendendo de tudo, gel de carboidrato, óculos, manguito, relógio. Além disso, teremos o Jantar de Massas, que é o jantar oficial da Maratona do Rio. Para fechar, lá na frente, em 12 de outubro, teremos a Maratoninha, que também não era feita há anos e será retomada com 6 mil crianças correndo”, comentou.

“Nos próximos anos, queremos que ela seja tão amplificada a ponto de ser desejada como as Majors [grupo das seis maiores Maratonas do mundo]. Aliás, nosso caminho é que a gente transforme a Maratona do Rio em uma Major. Tem uma série de pré-requisitos de ordem técnica, operacional, de afiliações, etc. que precisam ser cumpridos, e estamos em busca disso. Para isso, temos grandes parceiros. A Adidas [marca esportiva oficial da prova desde 2022], por exemplo, está nos ajudando a colocar nesse trilho, assim como outras marcas.

Sertões

A edição 2023 do Rally dos Sertões foi apresentada na última quinta-feira (25), em São Paulo (SP). Já há alguns anos, o evento deixou de ser apenas na vertente do esporte a motor, e a ideia é que siga agregando novas modalidades com o passar do tempo.

“O Sertões é um produto, um ecossistema, que existe há 31 anos. Esta é a quarta edição que a Dream Factory é sócia do Sertões, que pode ser definido como descobrir o Brasil, a riqueza que o Brasil tem. Um lugar pelo qual o Sertões passa vira destino turístico, então é quase uma agenda de país. Alguns anos atrás, a prova descobriu o Jalapão. Hoje, o Jalapão é destino turístico. Então, além da representatividade esportiva para os apaixonados por motor, tem todo esse outro lado”, destacou Jued.

“Hoje, o Sertões é uma plataforma. Há o evento de motor, que é moto, carro, UTV, etc., mas o Sertões também expandiu. Hoje, temos também o kitesurfe, com uma competição de endurance também, e o mountain bike. Por que não podemos criar uma prova de trail running com a chancela do Sertões? Lá nos cânions do Piauí, onde está passando carro, por que não fazer uma prova de corrida para 3 mil atletas? Por que não estender para outras modalidades dentro do ciclismo?”, acrescentou.

Edição 2023 do Rally dos Sertões foi apresentada nesta quinta-feira (25), em São Paulo (SP) – Rodrigo Barreto / Sertões

A Dream Factory enxerga o Sertões com um potencial que ainda não é explorado o suficiente e quer impulsionar o evento nos próximos anos.

“Então, a gente começa a pensar um pouco nisso também, de como é que a gente tem uma sinergia entre o Sertões e a Dream Factory, no que se relaciona ao que a gente sabe fazer. Esse é o nosso desafio, abrir conexões, entender melhor como funciona o país e colocar em prática formas de amplificar essa plataforma. O Sertões é uma potência, e nosso papel é ajudar a alavancar essa potência”, explicou.

Dream Tour

Criado este ano, em parceria com a Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf), para ser a principal competição de surfe do país, o Dream Tour é o caçula dentro do portfólio esportivo da Dream Factory. Em 2023, serão seis etapas ao todo, e a agência quer transformar cada uma delas em parada obrigatória para os surfistas e os amantes da modalidade.

“O Dream Tour é um recém-nascido, diferentemente da Maratona do Rio e do Sertões, que já são consolidados há muito tempo. Mas casa muito com nosso propósito, do que a gente quer, de transformação social, contribuição para a sociedade, criação de experiências e conexões para as marcas. O surfe é democrático, traz todos esses elementos, e enxergamos o Dream Tour como um caminho sem volta, um negócio que ficará maduro, que terá longevidade”, afirmou Jued.

“Nós decidimos focar o atleta, é uma competição em que o atleta é 100% a estrela do negócio, inclusive com a maior premiação da história do surfe nacional, tanto para o masculino como para o feminino. Para a gente, também funciona escolher praias que tenham atratividade e apoio das prefeituras locais. Vencemos seis dos últimos oito títulos mundiais da WSL, então precisávamos de uma competição nacional de surfe, algo que não acontecia há 11 anos”, acrescentou.

Primeira etapa do Dream Tour 2023 foi disputada em abril, na Plataforma de Atlântida, em Xangri-lá (RS) – David Castro / Dream Tour

Com o tempo, a meta é replicar o que vem sendo feito com a CBSurf para outras modalidades.

“Temos quatro grandes marcas apoiando, Shell, Vivo, Gerdau e Corona, e estes primeiros meses têm sido muito satisfatórios. É uma parceria inédita nossa com uma confederação brasileira de esporte, no caso a Confederação Brasileira de Surfe. E por isso representa um caminho que a gente pensa, na pulverização, na capilaridade da nossa plataforma de esportes”, destacou o executivo.

“A gente vê, sim, possibilidade de replicar esse modelo que acertamos com a CBSurf para outras modalidades. A gente enxerga que existe potencial, existem oportunidades. Uma confederação tem toda a representatividade dela com legislação, regra, associação com entidades internacionais, atletas, enfim todo o regime da parte técnica, regulamentar, regulatória. O que eu acho que falta para muitas delas ainda é a questão da tecnologia de mercado, captação de patrocínios, entretenimento, transformar um evento em uma experiência incrível para o fã. E esse é justamente o nosso DNA, poder levar experiência, deixar o consumidor daquele evento feliz da vida”, completou.

Nada de futebol

Em relação às tais “outras modalidades”, Jued não citou nenhuma de maneira específica, mas deixou claro que a agência está de olho no mercado. O que o executivo enfatizou, no entanto, é que, se tem um esporte que não está nos planos, ao menos por enquanto, este esporte é o futebol.

“No futebol, fizemos o Mano a Mano no ano passado, que foi um evento lúdico, com a presença da Marta, mas a verdade é que não temos um olhar para o futebol. Até porque o futebol no Brasil tem estruturas muito sólidas e nunca vimos uma brecha que seria interessante para o nosso negócio”, finalizou o diretor da Dream Factory.

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