A queda-de-braço entre Globo e Record pelos direitos de transmissão dos principais eventos esportivos é um dos maiores acontecimentos para o esporte brasileiro nos últimos anos e repete o filme que se passou na Europa no início da década. Desde o final dos anos 90 que o Velho Continente assiste a um aumento substancial do valor dos direitos de transmissão das principais competições esportivas mundiais. Só para se ter uma idéia, em 1998, a transmissão da Copa do Mundo rendeu à Fifa US$ 48 milhões. Em 2006, a Copa da Alemanha teve, só com venda de TV, um faturamento de mais de US$ 1 bilhão. No Brasil, o esporte tem de aproveitar a onda da disputa entre Globo e Record para conseguir aumentar suas receitas e, principalmente, gerar mais visibilidade a esportes que hoje são sufocados pela monocultura do futebol. Foi o que já fez o Comitê Olímpico Internacional, quando abriu mão do princípio de venda para o maior número de emissoras possíveis dos Jogos Olímpicos em troca de muito dinheiro oferecido pela Record. A decisão, porém, não deve ser tomada apenas tendo como base o dinheiro. Durante quase 30 anos a Globo nadou sozinha na operação de grandes transmissões esportivas. Isso deu à emissora um know-how fabuloso em comparação com suas concorrentes. O detentor do espetáculo deve ter a certeza de que o novo parceiro de transmissão vai lhe garantir a mesma ou até melhor qualidade na exibição de seus eventos. Do contrário, o caminhão de dinheiro que a emissora do bispo Edir Macedo oferece não será tão valioso quanto a boa imagem que a Globo se acostumou a assegurar em suas transmissões. De qualquer forma está claro que o esporte se beneficia. Só não podem os dirigentes acreditarem que finalmente encontraram a galinha dos ovos de ouro e ficarem sentados à espera da choca. O trabalho na diversificação de receitas e aumento da renda deve continuar. Pelo bem maior do esporte, que é assegurar a permanência dos ídolos no país.
Análise: quem ganha são os clubes
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