Após ouro, boxe muda discurso

A medalha de ouro conquistada por Pedro Lima nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro foi um bálsamo para o boxe nacional. Além de colocar o Brasil no lugar mais alto do pódio após 44 anos, a façanha do pugilista serviu para mudar o tom das reivindicações da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe). “Não tem ninguém passando fome como estão dando a entender. Temos o apoio da Lei Piva e alguns atletas chegam a receber R$ 4 mil mensais”, disse Luiz Carlos Boselli, presidente da entidade, à Máquina do Esporte. A CBBoxe paga uma ajuda de custo ao atleta que varia entre R$ 800 a R$ 1,5 mil, dependendo do desempenho de cada lutador. O valor vem do repasse do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) oriundo da Lei Piva. O dirigente disse ainda que, além do dinheiro público, alguns pugilistas contam com o apoio de governos estaduais – casos de Bahia e Pará – e ainda recebem dos clubes. “É preciso destacar que esse valor é livre. Eles têm assistência médica, odontológica, alimentação, tudo o que necessitam. Os atletas não precisam gastar com nada. Nós, da CBBoxe, também não temos nenhuma dívida. Se tivéssemos, não poderíamos receber o aporte da Lei Piva”, afirmou o mandatário, num discurso bem mais ameno do que o observado alguns meses atrás. A modalidade foi para o evento com 11 lutadores, todos sem patrocínio. A falta de apoio da iniciativa privada fez com que Boselli tecesse duras críticas ao que ele considerava falta de critério por parte das empresas na hora de dividir a verba destinada ao esporte. ?Se a gente for analisar friamente, dos esportes que estarão no Pan, alguns têm patrocínio, mas outros quarenta não têm. Assim como existem os sem-teto e os sem-terra, nós estamos no grupo dos sem-patrocínio?, ironizou o dirigente em entrevista concedida à Máquina do Esporte em fevereiro, reclamando da dificuldade em manter a estrutura para o desenvolvimento dos boxeadores: ?O que nós ganhamos não é o suficiente, apesar de o boxe ter uma import”ncia relativamente alta. Se você analisar, nós temos atletas em 11 categorias olímpicas, centro de treinamentos, atletas concentrados, além de viagens internacionais caríssimas?, explicou. Na época, Boselli disse que precisaria de pelo menos o dobro do orçamento anual da CBBoxe, atualmente fixado em R$ 1 milhão, para manter a formação de atletas de alto nível. Segundo ele, as então hipotéticas medalhas pan-americanas seriam fundamentais para conseguir parcerias que auxiliassem nesse projeto. Seis meses depois, a competição encerrada no último sábado foi considerada apenas uma fase preparatória para as próximas disputas. “Para nós, o Pan foi só uma etapa de preparação para outras disputas importantes, como o Mundial, que será disputado em outubro, nos Estados Unidos, o pré-olímpico e os próprios Jogos de Pequim”, finalizou o dirigente.

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