Uma derrota inesperada é considerada um “acidente de percurso” na carreira de um tenista. Se ele está entre os dez mais bem ranqueados e perde para o número 87 do mundo em um jogo que movimentou US$ 7 milhões em casas de apostas, porém, o tropeço acaba despertando suspeitas. A história aconteceu na última semana durante o torneio de Sopot, na Polônia, quando o russo Nikolay Davydenko abandonou por contusão o jogo contra o argentino Martin Vassallo Arguello. O jogador havia vencido o primeiro set por 6/2. Depois, perdeu o segundo por 6/3 e estava em desvantagem no terceiro quando desistiu da disputa alegando dores no pé esquerdo. Até aí, nada de anormal. O problema é que o insosso duelo entre Davydeko e Arguello teve um volume de apostas na rede Betfair dez vezes superior ao habitual para uma partida desse nível. A empresa se viu obrigada a tomar uma decisão sem precedentes e anular todo o montante apostado devido à suspeita de atividades irregulares. A Betfair enviará toda a documentação para que a Associação dos Tenistas Profissionais (ATP) investigue o caso. Em comunicado oficial, a entidade disse que está “comprometida em preservar o esporte e, por isso, investigará com rigor qualquer suspeita que possa manchá-lo”. “Já contratamos auditorias para averiguações”, disse o chefe executivo da ATP, Ettienne de Villers. Além disso, foram solicitados os serviços de Michael Franzese, membro confesso da máfia norte-americana, para que os jogadores do circuito profissional de tênis fossem advertidos do perigo de se envolverem em uma rede de corrupção. Segundo o diário brit”nico “The Times”, as possíveis fraudes nas apostas do tênis têm o respaldo do crime organizado, o que teria motivado a contratação de Franzese. “Além das leis severas e sanções relacionadas com o nosso programa de anticorrupção, também nos comunicamos com os jogadores para termos a certeza de que eles compreendem as normas e suas responsabilidades com o tema. O encontro entre Franzese e os tenistas em Miami foi uma parte desse processo educativo”, afirmou um porta-voz da ATP, se referindo a uma palestra do norte-americano a cerca de 200 tenistas antes do início do torneio que será realizado na capital da Flórida nesta semana. Não é a primeira vez que esc”ndalos de apostas atingem o tênis. Em 2003, no torneio de Lyon, o russo Yvgeny Kafelnikov, um dos líderes do ranking na época, perdeu um jogo para o espanhol Fernando Vicente – especialista em saibro -, mesmo jogando em quadra de carpete. O caso fez com que a ATP firmasse um acordo com a própria Betfair para o interc”mbio de informações sobre as apostas envolvendo o tênis.
ATP “mergulha” em escândalo de fraude
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