Com poucos campeonatos ao longo do ano, baixa exposição na mídia e custo elevado, os clubes das divisões inferiores do futebol brasileiro sofrem com a situação financeira apertada. Na Série A-2 do Campeonato Paulista, a solução encontrada por Botafogo de Ribeirão Preto e Atlético de Monte Azul foi a venda de carnês para as partidas em casa. Mais que atrair público para os estádios, as duas diretorias visavam um acréscimo de receita no início do ano, período de formação e preparação para a temporada. O Botafogo, tradicional e com torcida fiel, apostou em sistema simples. Por R$ 100, o interessado consegue ingressos para os dez jogos da equipe no estádio Santa Cruz durante o Paulista. No pacote de R$ 130, o comprador ainda leva uma camiseta comemorativa dos 90 anos de existência do clube. Caso consiga vender mil carnês, sendo 700 sem e 300 com a camiseta, a diretoria atingirá seu objetivo. A renda será automaticamente revertida para a quitação das despesas dos meses de janeiro e fevereiro de 2008. Sem a mesma expectativa de interessados, o Atlético de Monte Azul adota estratégia distinta. Reúne 500 números, que equivalem a um ingresso cada, em 20 carnês, que são vendidos a empresas interessadas em garantir seus lugares no estádio antecipadamente. Além disso, ainda oferece cinco prêmios em dinheiro, que vão de R$ 500 a R$ 5 mil. Com início em dezembro passado, as vendas foram um sucesso. Otávio Bittar, diretor de futebol do Atlético, comemora o fato de os carnês terem sido esgotados pelo público em tempo recorde. “Vendemos tudo. Os prêmios foram apenas incentivos a mais. Até o ano passado, quando estávamos na A-3, sempre tivemos uma freqüência regular. Contamos muito com a cidade”, disse o dirigente. Financeiramente, a iniciativa foi comemorada. Bittar estima o lucro em cerca de R$ 80 mil, que teria pagado praticamente todas as despesas da reforma do estádio municipal.