O futebol não desviou a atenção dos venezuelanos das questões políticas. A realização da Copa América no país tem sido usada por aliados do presidente Hugo Chávez como plataforma para divulgar a nacionalização pregada pelo ditador. Segundo reportagem publicada nesta quinta-feira pelo jornal “Folha de S.Paulo”, as áreas VIPs de alguns estádios localizados em bases de apoio a Chávez têm sofrido com a interferência governamental. No jogo que marcou a estréia do Brasil na competição, realizado em Bolívar, o governo local emitiu por conta própria mais de 600 ingressos da área nobre. As cadeiras numeradas adquiridas por patrocinadores do torneio, como LG e Mastercard, foram repassadas a convidados dos aliados do governo. Os “donos” originais dos locais marcados foram realocados em outras partes do estádio. Na partida entre Venezuela e Uruguai, realizada na última terça-feira, cerca de 500 convidados dos patrocinadores também foram deslocados em razão da ingerência do governador de Mérida, Florencio Porras. “[As entradas do governo] foram usadas para as pessoas que tinham os ingressos na zona VIP mas não tinham as cadeiras na zona VIP”, disse David Medina, chefe de imprensa do Estado de Bolívar para a competição, ao jornal brasileiro. A culpa, segundo o representante do governo, é da Delujo Promociones, empresa encarregada de comercializar os ingressos. Medina acusou a companhia de ter praticado sobrevenda. Ainda de acordo com a “Folha”, descobriu-se que parte das cadeiras adquiridas pelo governo e por um grupo de 350 turistas mexicanos haviam sido vendidas duas vezes.