A pirataria é uma prática que prejudica diversos setores da economia, como a cultura e o esporte. Os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, principal evento esportivo do país neste ano, não escapa desse fator. Apesar de trabalhar contra a venda ilegal de produtos, o Comitê Organizador do Pan (Co-Rio) admite que não será plenamente bem-sucedido nessa questão. ?Pirataria é um assunto supercomplexo. Se você tem vendedores, é porque alguém está comprando. Então você vai entrar em mil elucubrações sociológicas. Porque é melhor o vendedor estar vendendo do que roubando, o comprador compra porque não dispõe de renda, entre outras coisas?, afirma Celso Schvartzer, gerente da Olympo, agência de marketing esportivo do Co-Rio e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Mesmo com a luta contra a pirataria praticamente perdida, o executivo crê no sucesso da comercialização dos produtos oficiais dos Jogos Pan-Americanos. Segundo Schvartzer, mesmo com o desenvolvimento dos licenciados e o lançamento da loja do Pan com antecedência, a expectativa é que as vendas só aumentem significativamente às vésperas do início da competição. ?A grande concentração de venda de produtos acaba sendo no final do processo, no período do Pan, na semana que antecede e nas duas semanas em que estão sendo disputados os Jogos?, diz Schvartzer. Essa falta de disposição do torcedor para comprar produtos oficiais não está relacionada ao preço dos artigos, de acordo com o executivo da Olympo. Apesar disso, Schvartzer diz que os valores estão sendo adequados para estimular os torcedores. ?Os preços foram analisados e são freqüentemente ajustados. Mas a qualidade do produto é alta, porque não queríamos a marca do Pan atrelada a uma qualidade ruim. As empresas parceiras pagam os impostos, respeitam as leis trabalhistas e têm uma conduta socialmente responsável. Isso acaba acarretando um custo que é jogado para o produto, mas esperamos que o consumidor entenda esse esforço como algo coletivo?, explica o executivo, que completa: ?Eu acho que os produtos têm um preço adequado e estamos tendo uma resposta legal. Claro que se eu fizer um produto mais barato, eu posso ter um volume maior. Mas dificilmente teríamos qualidade compatível?. No total, o Co-Rio afirma que foram licenciados mais de 500 produtos, entre roupas, brinquedos, e outros. A entidade espera arrecadar R$ 10 milhões com a comercialização dos artigos com o selo do Pan, enquanto as empresas estimam em R$ 100 milhões o retorno com a venda desses itens. Apesar da expectativa do Co-Rio, o público vê a venda de artigos no Pan com desconfiança. Em pesquisa recente realizada pela Máquina do Esporte, a grande maioria dos leitores acredita que a pirataria levará a venda de produtos com a marca dos Jogos para o buraco. Para 76,4% dos quase 200 entrevistados, a falsificação irá atrapalhar a venda de produtos licenciados do Pan.