Com o fim das discussões no Legislativo, quem comemora o novo texto da Timemania são os clubes. Além de serem beneficiados com parte da arrecadação da loteria, as diversas emendas feitas por deputados e senadores transformaram o projeto em uma grande tábua de salvação do futebol brasileiro, mas sem nenhuma contrapartida por estes benefícios. ?A aprovação da Timemania foi uma espécie de Band-Aid que irá tratar, mas não curar todos os problemas do futebol brasileiro. O governo perdeu uma grande oportunidade para promover uma modernização e estruturação do futebol. Ele simplesmente passou um remedinho para curar as feridas, mas o resto continua igual?, ataca o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP). Uma das grandes vitórias dos clubes foi a inclusão das dívidas que ainda estão sendo contestadas na Justiça no parcelamento total. Essa emenda foi posta pelo Senado e aprovada na última votação da C”mara. ?Eu achei excelente, pela conquista que tivemos no Senado, a possibilidade de não ter que renunciar as dívidas que estão na Justiça, porque nós vamos pagar dentro do consolidado da dívida, mas fica ainda com direito de reclamar em juízo. Foi um avanço muito importante na Timemania esta emenda?, diz Dagoberto dos Santos, gerente de planejamento, projetos e negócios do Santos e que participou do grupo que criou o projeto da Timemania. Segundo o dirigente, o fato de a parte da arrecadação da loteria que será destinada aos clubes ser utilizada para o pagamento de dívidas com o próprio governo, concedendo às entidades a Certidão Negativa de Débito, é um passo importante para a reestruturação do futebol brasileiro. ?A Timemania irá resolver os compromissos fiscais que os clubes têm. Esse passivo será quitado com essa receita alternativa. Dessa forma, aquilo que os clubes já vinham pagando, vão deixar de pagar, então sobra mais dinheiro em caixa para ser investido em estruturação e outros assuntos do clube?, explica Santos. A sobra no caixa do dinheiro que deixará de ser usado para pagar as dívidas com o governo também foi comemorada no Botafogo. Assumidamente endividado, o clube vê ainda no aumento do prazo para a quitação dos débitos outro benefício. ?O Botafogo deve tanto dinheiro, há tanto tempo, que a Timemania irá nos ajudar muito a respirar um pouco. A questão de o prazo para o pagamento das dívidas ter sido aumentado de 15 para 20 anos nos dá a possibilidade de ter uma prestação baixa e, com isso, o clube poderá honrar todos os seus compromissos. Era o que estávamos esperando há dois anos?, afirma Bebeto de Freitas, presidente do Botafogo. Segundos previsões da Caixa Econômica Federal, a Timemania deve arrecadar R$ 500 milhões anualmente. Desse total, 22% será destinados aos clubes de futebol, enquanto 46% será entregues como prêmio aos apostadores.