Corte Arbitral do Esporte devolve à CBSk o controle provisório sobre o skate olímpico brasileiro

Rayssal Leal e Pedro Barros conquistaram medalhas para o Brasil no skate, nos Jogos de Tóquio - Reprodução / Instagram (@cbskskate)

A cerca de cinco meses para o início dos Jogos Olímpicos de Paris, o esporte brasileiro vê uma de suas principais esperanças de medalha, o skate, seguir envolto em uma polêmica que aparenta estar distante de acabar.

No novo capítulo dessa saga sem fim, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) resolveu reverter, pelo menos por enquanto, a decisão da World Skate, entidade que representa os esportes olímpicos sobre rodas, que, no fim do ano passado, havia desfiliado de seus quadros a Confederação Brasileira de Skateboarding (CBSk).

A resolução da CAS baseia-se no argumento de que a mudança de representatividade do skate olímpico brasileiro, neste momento, poderia afetar a preparação do time do país para a disputa dos Jogos de Paris.

Em janeiro, quando explodiu a notícia de que a CBSk havia sido desfiliada da World Skate, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou que assumiria a preparação da modalidade para os Jogos.

À época, o comando da CBSk chegou a criticar publicamente o COB, que teria se mantido em silêncio diante de apelos feitos por estrelas da modalidade para que a entidade máxima do esporte olímpico do país se posicionasse sobre a polêmica com a World Skate.

Na prática, porém, o COB não chegou a desfiliar a CBSk de seus quadros, fato que foi admitido em nota divulgada à imprensa pelo comitê, que devolveu à entidade de skateboarding o comando sobre a preparação do time olímpico da modalidade.

Disputa milionária

Conforme noticiou a Máquina do Esporte em janeiro, a disputa pela representatividade do skate brasileiro envolve razões econômicas, em especial repasses na casa de R$ 10 milhões anuais, provenientes da Lei Agnelo/Piva, de incentivo às modalidades olímpicas.

Com a decisão tomada pela World Skate no ano passado, quem assumiria o controle da modalidade no país e administraria essa verba seria a Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação (CBHP).

Desde a última sexta-feira (23), a CBSk voltou a administrar os recursos da Lei Agnelo/Piva, que estavam sob a responsabilidade do COB. A medida foi ratificada em uma reunião que contou com as participações de representantes do comitê e da confederação, além de integrantes do Ministério do Esporte.

“Recebemos a decisão da CAS com muita alegria e com a certeza de que o skateboarding volta para as mãos da entidade da qual nunca deveria ter saído. A CBSk realiza um trabalho de quase 25 anos. São vários colaboradores atuando pelo desenvolvimento da modalidade. É muito bom poder voltar a trabalhar com foco em mais uma Olimpíada”, afirmou Eduardo Musa, presidente da CBSk.

De acordo com ele, o foco do trabalho, neste momento, será voltado aos Jogos de Paris. Ele não quis tecer prognósticos sobre como a CAS se posicionará em relação ao mérito da polêmica com a World Skate.

“A gente acredita que não haverá mudanças até as Olimpíadas, já que a cautelar foi concedida justamente na intenção de não prejudicar a sequência de preparação dos atletas. Então, apesar de não sabermos ao certo quando teremos o resultado final do processo, vamos continuar trabalhando com foco em Paris”, enfatizou o mandatário, que também alegou estar aberto para um eventual diálogo com a entidade rival.

Procurado pela Máquina do Esporte, Moacyr Júnior, presidente da CBHP, classificou a decisão da CAS como uma ocorrência do “rito processual”, ocasionada pela judicialização do caso. Vale salientar que a CAS ainda não se pronunciou sobre o mérito da questão.

“No decorrer desse longo período em que se desenrolou este assunto, mais precisamente desde 2016, a CBHP nunca se permitiu desfocar de sua missão, que é seguir seu trabalho construindo um futuro melhor para todas as modalidades dos esportes sobre rodas. Neste sentido e como sempre fez, a CBHP acatará com resiliência as decisões emanadas das instâncias superiores e às entidades às quais diretamente se relaciona como filiada, quer sejam as federações internacionais (World Skate, Pan-Americana e Sul-Americana) e o Comitê Olímpico do Brasil”, disse.

Nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que foram disputados em 2021 por conta da pandemia de Covid-19, o skate brasileiro contou com 12 competidores (seis homens e seis mulheres) e conquistou três medalhas de prata, com Rayssa LealPedro Barros e Kelvin Hoefler.

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