Aos 27 anos de idade, completados no último dia 30 de maio, Beatriz Haddad Maia atravessa a melhor fase de sua carreira desde que se profissionalizou no tênis, em 2010. Nesta semana, seu nome está em evidência em todos os lugares: Bia Haddad Maia é a mulher que voltou a colocar o Brasil em destaque na elite do tênis profissional.
Após derrotar a tunisiana Ons Jabeur, a paulistana se tornou a primeira brasileira, na Era Moderna do tênis, a alcançar a semifinal de Roland Garros, na França, um dos quatro principais torneios do planeta. O feito garantiu a ela outra marca histórica: Bia caminha para se tornar a primeira do país a entrar no Top 10 do ranking de simples da WTA.
Até o momento, a atleta acumula mais de US$ 3,3 milhões em prêmios ao longo da carreira. Apenas neste ano, Bia já garantiu US$ 830 mil. Mesmo que venha a ser superada na semifinal, nesta quinta-feira (8), pela polonesa Iga Swiatek, atual número 1 da WTA, a brasileira abocanhará € 630 mil por haver avançado até essa fase, sem contar outros € 27 mil pela campanha nas duplas, em que chegou até a segunda fase. O prêmio para a campeã da competição ultrapassa € 2,3 milhões.
Bia Haddad disputou seu primeiro torneio da WTA em 2013, em Florianópolis (SC). Nos anos seguintes, acabou caindo nas fases de qualifying de competições importantes da entidade, como US Open e o próprio torneio de Roland Garros, ao mesmo tempo em que obteve bons resultados, incluindo títulos, em torneios do circuito da Federação Internacional de Tênis (ITF, na sigla em inglês).
A partir de 2017, sua carreira deu um salto, com direito ao vice-campeonato em um torneio de simples em Seul, na Coreia do Sul. Naquele ano, ela ingressou no Top 100, chegando ao 58º lugar no ranking da WTA em 25 de setembro. Depois, em 2019, a jogadora seguiu engatando participações em torneios importantes, como o Australian Open.
Ainda naquele ano, ela voltaria a surpreender, derrotando Sloane Stephens, então quarta colocada no ranking da WTA, em Acapulco, no México. Pouco depois, estreou com vitória em Wimbledon, mais um dos quatro Grand Slams, ao derrotar a ex-campeã e cabeça de chave do torneio Garbiñe Muguruza.
Essa fase meteórica foi interrompida, porém, em julho daquele ano, depois que Bia testou positivo para os anabolizantes sintéticos SARM S-22 e SARM LGD-4033. Ela acabou sendo punida pela ITF com dez meses de suspensão.
Volta por cima
Em 2020, quando pôde retornar às quadras, havia caído para a 1.342ª posição no ranking, sendo obrigada a reiniciar em torneios menores. Só que, para piorar, sua volta coincidiu com a eclosão da pandemia de Covid-19, o que fez com que os eventos esportivos fossem paralisados.
A partir de 2021, Bia voltou a integrar o Top 100 da WTA. Daí em diante, vem crescendo de maneira constante no ranking, até que, neste ano, conseguiu alcançar suas melhores colocações, tanto em simples como em duplas.
Patrocinadores e parceiros
Brasileira mais bem-sucedida no tênis atual, Bia Haddad mantém parcerias com grandes marcas internacionais e do próprio país. É o caso, por exemplo, do Itaú Personnalité, que celebrou em suas redes sociais o bom desempenho da atleta nas quadras.
Bia também tem parcerias com a SMZTO Holding de Franquias Setoriais, do empresário José Carlos Semenzato; o time Rede Tênis Brasil; a Prudential do Brasil, subsidiária do grupo financeiro sediado em Nova Jersey (EUA); a corretora de resseguros Latin America Re; e a multinacional do ramo de energia Engie.
Nos materiais esportivos, Bia Haddad possui contrato com a Wilson, que fornece suas raquetes, e a Joma, marca espanhola fabricante de vestuário e equipamentos. Isso sem contar a Tourna, que produz os grips (fitas colocadas no cabo da raquete com o objetivo de absorver suor, dando mais aderência e conforto às mãos) utilizados pela jogadora.
Perspectivas para o tênis brasileiro
A chegada de Bia Haddad à semifinal de Roland Garros coincide com um momento em que o esporte está em evidência no país. Uma pesquisa Sponsorlink realizada recentemente pelo Ibope Repucom mostrou que 43% da população conectada do Brasil se declara fã de tênis. Isso equivale a 51 milhões de pessoas.
Na avaliação de Luiz Carvalho, diretor do Rio Open, maior torneio de tênis da América Latina, e vice-presidente sênior da IMG, os bons resultados da brasileira em competições de nível internacional abrem boas perspectivas para a modalidade crescer ainda mais no país.
“Acredito que os resultados da Bia começam a trazer um holofote para o tênis que é bem interessante. Os novos negócios começam a florescer, na medida em que a modalidade passa a ganhar mais destaque na mídia, atraindo a atenção das empresas e do público. Quando o Guga [Gustavo Kuerten] ganhou Roland Garros [em 1997], houve um interesse enorme das pessoas pelo tênis, e isso ajudou a impulsionar a modalidade no país”, afirmou Carvalho.
Na avaliação dele, a atleta paulistana tem condições de fazer pelo tênis brasileiro, na atualidade, o mesmo que Guga conseguiu realizar entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000. No caso de Bia Haddad, o executivo acredita que o exemplo dela poderá ajudar a modalidade a avançar junto ao público feminino.
“O fato de a Bia estar indo bem vai incentivar outras meninas a acreditarem que podem chegar lá. Ter essa história de sucesso contada vai ajudar muitas outras meninas, e tomara que meninos também, a entrarem no esporte. Isso vai gerar o movimento de massificação, com mais gente querendo treinar e jogar, gerando chances maiores de novos talentos surgirem e atraindo mais investimentos das iniciativas pública e privada para a modalidade”, destacou o executivo.