Environmental, Social, Governance. Na tradução literal, Ambiental, Social, Governança. Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a sigla sintetiza tudo aquilo que envolve o universo de sustentabilidade, incluindo responsabilidade social e ambiental de entidades e corporações, alavancando por meio de um único conceito esforços e políticas em torno de objetivos comuns que visem o bem-estar da sociedade.
Não é novidade para ninguém o domínio atual exercido pelas marcas de apostas no mercado global de patrocínio esportivo. São inúmeros players buscando visibilidade e relevância quase literalmente a qualquer preço, fazendo com que clubes, campeonatos, eventos e personalidades do esporte se mantenham na busca constante para entender o melhor modelo de comercialização a se adotar.
Com quase a totalidade dos 40 clubes das Séries A e B do Brasileirão contando com um patrocinador de apostas esportivas em seus uniformes, a questão da exclusividade de categoria pode se tornar a próxima barreira a ser quebrada.
Hoje adotada como praxe nos patrocínios de futebol, o tema se tornou um dilema para algumas das principais competições do país, com as próprias marcas muitas vezes preferindo compartilhar espaço com seus competidores do que arcar com valores mais altos para garantirem essa exclusividade.
Enquanto aqui ainda se aguarda a tão protelada regulamentação do mercado pelo governo brasileiro, paralisada agora em 2022 muito em função de um ano eleitoral de ânimos extremamente acirrados, surpreendeu a todos (ou quase todos) o escrutínio iniciado ainda em agosto pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão ligado ao Ministério da Justiça, ao notificar clubes, federações e a Rede Globo, solicitando acesso a contratos de patrocínio firmados com empresas de apostas esportivas.
Esse movimento, partindo de um órgão do próprio governo federal (que já deu inúmeras demonstrações de apoio à regulamentação), fez acender um sinal de alerta no mercado, evidenciando a necessidade de que entidades esportivas estabeleçam critérios claros de compliance para estabelecer negócios com empresas de um setor tão pulverizado, efervescente e economicamente pulsante.
Com essa preocupação em mente, muitas das principais marcas desse mercado vêm buscando expandir investimentos além do futebol e do esporte de massa, introduzindo esforços para construir relações mais sustentáveis em diversas outras frentes do ecossistema, com crescentes investimentos em esportes outdoor, eventos de participação e outras iniciativas ao ar livre.
Esse movimento deixa claro que a crescente relevância de ESG também impactará invariavelmente o mercado de apostas esportivas, contribuindo para que as empresas do setor busquem não somente atuar de maneira ética, seguindo boas práticas de responsabilidade corporativa, como também que essa postura seja percebida por entidades governamentais e pelo público em geral.
Referência no mercado de eventos proprietários no Brasil, nós, da Effect Sport, já estamos sentindo os efeitos desse movimento por meio da crescente demanda de marcas desse universo em patrocinar alguns dos nossos principais eventos, como o Rei e Rainha do Mar (maior festival de esportes de praia do mundo) e o Grangiro, que tiveram a marca Betano como patrocinadora principal das últimas edições.
Convidado para participar do SBC Summit Latinoamérica 2022, estarei presente no maior evento anual do mercado de apostas na região, representando a Effect Sport e falando mais sobre ESG no universo das marcas de apostas esportivas, no próximo dia 3 de novembro, em Fort Lauderdale, nos EUA.
Nos vemos por lá!
Felipe Soalheiro é diretor geral da Effect Sport São Paulo, fundador da SportBiz Consulting e escreve mensalmente na Máquina do Esporte