O Dia Internacional da Mulher é uma data que, desde sua origem, está ligada à reflexão sobre a condição feminina e à luta por espaços e oportunidades na sociedade. Os avanços ocorridos nas últimas décadas são inegáveis, ainda que, muitas vezes, pareçam ocorrer em uma velocidade muito abaixo da ideal.
O esporte, que é reflexo da sociedade e reproduz suas contradições (quando não as reforça ainda mais), é um campo em que as desigualdades de gênero ficam ainda mais evidentes, sobretudo em um país de cultura patriarcal, como é o caso do Brasil, onde, por muito tempo, o esporte foi um terreno interditado para as mulheres.
Para tanto, basta lembrar do decreto-lei federal 3.199, editado por Getúlio Vargas em 1941 e que vigorou até 1979, proibindo as mulheres de praticarem futebol, o esporte mais popular do país. Se dentro das quatro linhas as barreiras eram tão grandes, imaginem fora.
Tal como em demais espaços decisórios das iniciativas pública e privada, a presença de mulheres em postos de comando no esporte continua a ser pequena, em comparação ao enorme contingente de homens (quase sempre brancos, frise-se) monopolizando os principais cargos.
Para se ter uma ideia da profundidade desse problema, podemos pensar em uma modalidade em que as mulheres tendem a ter mais holofotes que os homens como atletas, caso da ginástica, por exemplo. Desde sua fundação, a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), entidade máxima desse esporte no Brasil, teve cinco presidentes, sendo que os três primeiros foram homens. Atualmente, a confederação é comandada por Maria Luciene Cacho Resende, no cargo desde 2009.
Para lançar luz sobre essa realidade e também destacar o esforço de quem conseguiu romper com o silenciamento e a invisibilidade, a Máquina do Esporte lançará uma série de reportagens para destacar os perfis de dez lideranças femininas da indústria esportiva no Brasil.
As matérias apresentarão mulheres que atuam na gestão de clubes, entidades ou na área governamental, assim como também na organização de eventos esportivos e em grandes corporações que investem nesse segmento.
São mulheres que fazem as engrenagens da indústria do esporte girar no Brasil, numa realidade que ainda precisa ser transformada, embora também apresente avanços que podem ser comemorados. No caso do futebol, citado no início deste texto, em menos de 40 anos desde a sua regulamentação, o país já conta com campeonatos profissionais disputados em bom nível e clubes que se destacam em competições internacionais.
Atualmente, o Ministério dos Esportes está sob o comando de uma mulher, a ex-jogadora de vôlei Ana Moser, em uma experiência histórica inédita. E a presença feminina já se torna marcante em algumas entidades esportivas ou mesmo nas empresas que atuam nessa área.
O primeiro perfil da série de matérias sobre as dez principais lideranças femininas da indústria esportiva do Brasil será publicado na próxima sexta-feira (10). As demais reportagens serão veiculadas sempre às segundas, quartas e sextas.