O nome já entrega qual é o principal objetivo da Dream Factory: uma fábrica de sonhos. Especializada em experiência e entretenimento ao vivo, a agência faz parte do Grupo Dreamers que, entre outros vários braços, conta em seu portfólio com o Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo, e os dois maiores eventos envolvendo galerias de arte da América Latina: ArtRio e ArtSampa.
Capaz de angariar multidões, o esporte também é uma vertical importante do grupo. O portfólio conta há 14 anos com a Maratona do Rio, maior festival de corrida de rua da América Latina, e há quatro anos com o Rally dos Sertões. Desde 2023, a agência passou a cuidar também do Dream Tour, uma das principais competições de surfe do calendário nacional, que estreou há alguns meses.
Desde o ano passado, quem passou a liderar o segmento de esportes da Dream Factory foi o baiano Jued Andari, que teve passagens por Walmart, Odebrecht, Supervia e Eletromidia. Antes de chegar à agência, ainda atuou como diretor de mídia para os 39 shoppings da administradora Aliansce Sonae.
Nesta semana, a Máquina do Esporte conversou durante cerca de uma hora com o executivo. Já no início do bate-papo, ele fez questão de deixar claro o foco da agência: levar a melhor experiência para o fã de esporte.
“O atleta que está ali, ele está ali para ganhar ou ao menos para fazer o dele bem-feito. Mas e o cara que está assistindo? Será que ele não pode se divertir também, não só ficar assistindo? A experiência é cada vez mais importante. E não é preciso reinventar a roda, bastam coisas simples. Se um cara vai assistir a uma competição de surfe, e eu coloco para ele ali, na areia, uma marcação de quadra de beach tennis, ele vai se divertir, vai ficar feliz, e eu nem precisarei gastar muito com isso”, explicou.
Maratona do Rio
Principal festival de corrida de rua do país e da América Latina como um todo, a Maratona do Rio faz parte do portfólio da Dream Factory há 14 anos. E os planos para a prova, apesar de difíceis, são ambiciosos.
“A Maratona do Rio é nosso estandarte, nossa referência, nossa locomotiva, nosso carro-chefe no segmento de esportes. Existe há 21 anos com a Spiridon, e estamos envolvidos com ela há 14, sempre com um desafio muito grande. Como já é consolidada há muito tempo, o sarrafo dela é bem alto do ponto de vista de operação, produção, logística. São 40 mil pessoas, sem contar milhares de acompanhantes, e a gente sempre tem obrigação de potencializar a prova”, afirmou.
“Como transformar, evoluir a prova ainda mais, proporcionando a melhor experiência para o atleta e aumentando a atratividade entre as marcas? Ela já é a maior prova da América Latina. Mas queremos que ela seja objeto de desejo a ponto de um americano, um europeu, um asiático, um africano escolham vir correr essa prova. O cara que correu Boston, que correu Londres, ele tem que estar no Rio de Janeiro”, completou.
Em 2023, a prova completará 21 anos de existência. E a ideia é levar novidades para que o público se sinta instigado a passar muitas horas consumindo o evento.
“Para esse ano, por exemplo, teremos uma feira de expositores, com 30, 35 expositores vendendo de tudo, gel de carboidrato, óculos, manguito, relógio. Além disso, teremos o Jantar de Massas, que é o jantar oficial da Maratona do Rio. Para fechar, lá na frente, em 12 de outubro, teremos a Maratoninha, que também não era feita há anos e será retomada com 6 mil crianças correndo”, comentou.
“Nos próximos anos, queremos que ela seja tão amplificada a ponto de ser desejada como as Majors [grupo das seis maiores Maratonas do mundo]. Aliás, nosso caminho é que a gente transforme a Maratona do Rio em uma Major. Tem uma série de pré-requisitos de ordem técnica, operacional, de afiliações, etc. que precisam ser cumpridos, e estamos em busca disso. Para isso, temos grandes parceiros. A Adidas [marca esportiva oficial da prova desde 2022], por exemplo, está nos ajudando a colocar nesse trilho, assim como outras marcas.
Sertões
A edição 2023 do Rally dos Sertões foi apresentada na última quinta-feira (25), em São Paulo (SP). Já há alguns anos, o evento deixou de ser apenas na vertente do esporte a motor, e a ideia é que siga agregando novas modalidades com o passar do tempo.
“O Sertões é um produto, um ecossistema, que existe há 31 anos. Esta é a quarta edição que a Dream Factory é sócia do Sertões, que pode ser definido como descobrir o Brasil, a riqueza que o Brasil tem. Um lugar pelo qual o Sertões passa vira destino turístico, então é quase uma agenda de país. Alguns anos atrás, a prova descobriu o Jalapão. Hoje, o Jalapão é destino turístico. Então, além da representatividade esportiva para os apaixonados por motor, tem todo esse outro lado”, destacou Jued.
“Hoje, o Sertões é uma plataforma. Há o evento de motor, que é moto, carro, UTV, etc., mas o Sertões também expandiu. Hoje, temos também o kitesurfe, com uma competição de endurance também, e o mountain bike. Por que não podemos criar uma prova de trail running com a chancela do Sertões? Lá nos cânions do Piauí, onde está passando carro, por que não fazer uma prova de corrida para 3 mil atletas? Por que não estender para outras modalidades dentro do ciclismo?”, acrescentou.
A Dream Factory enxerga o Sertões com um potencial que ainda não é explorado o suficiente e quer impulsionar o evento nos próximos anos.
“Então, a gente começa a pensar um pouco nisso também, de como é que a gente tem uma sinergia entre o Sertões e a Dream Factory, no que se relaciona ao que a gente sabe fazer. Esse é o nosso desafio, abrir conexões, entender melhor como funciona o país e colocar em prática formas de amplificar essa plataforma. O Sertões é uma potência, e nosso papel é ajudar a alavancar essa potência”, explicou.
Dream Tour
Criado este ano, em parceria com a Confederação Brasileira de Surfe (CBSurf), para ser a principal competição de surfe do país, o Dream Tour é o caçula dentro do portfólio esportivo da Dream Factory. Em 2023, serão seis etapas ao todo, e a agência quer transformar cada uma delas em parada obrigatória para os surfistas e os amantes da modalidade.
“O Dream Tour é um recém-nascido, diferentemente da Maratona do Rio e do Sertões, que já são consolidados há muito tempo. Mas casa muito com nosso propósito, do que a gente quer, de transformação social, contribuição para a sociedade, criação de experiências e conexões para as marcas. O surfe é democrático, traz todos esses elementos, e enxergamos o Dream Tour como um caminho sem volta, um negócio que ficará maduro, que terá longevidade”, afirmou Jued.
“Nós decidimos focar o atleta, é uma competição em que o atleta é 100% a estrela do negócio, inclusive com a maior premiação da história do surfe nacional, tanto para o masculino como para o feminino. Para a gente, também funciona escolher praias que tenham atratividade e apoio das prefeituras locais. Vencemos seis dos últimos oito títulos mundiais da WSL, então precisávamos de uma competição nacional de surfe, algo que não acontecia há 11 anos”, acrescentou.
Com o tempo, a meta é replicar o que vem sendo feito com a CBSurf para outras modalidades.
“Temos quatro grandes marcas apoiando, Shell, Vivo, Gerdau e Corona, e estes primeiros meses têm sido muito satisfatórios. É uma parceria inédita nossa com uma confederação brasileira de esporte, no caso a Confederação Brasileira de Surfe. E por isso representa um caminho que a gente pensa, na pulverização, na capilaridade da nossa plataforma de esportes”, destacou o executivo.
“A gente vê, sim, possibilidade de replicar esse modelo que acertamos com a CBSurf para outras modalidades. A gente enxerga que existe potencial, existem oportunidades. Uma confederação tem toda a representatividade dela com legislação, regra, associação com entidades internacionais, atletas, enfim todo o regime da parte técnica, regulamentar, regulatória. O que eu acho que falta para muitas delas ainda é a questão da tecnologia de mercado, captação de patrocínios, entretenimento, transformar um evento em uma experiência incrível para o fã. E esse é justamente o nosso DNA, poder levar experiência, deixar o consumidor daquele evento feliz da vida”, completou.
Nada de futebol
Em relação às tais “outras modalidades”, Jued não citou nenhuma de maneira específica, mas deixou claro que a agência está de olho no mercado. O que o executivo enfatizou, no entanto, é que, se tem um esporte que não está nos planos, ao menos por enquanto, este esporte é o futebol.
“No futebol, fizemos o Mano a Mano no ano passado, que foi um evento lúdico, com a presença da Marta, mas a verdade é que não temos um olhar para o futebol. Até porque o futebol no Brasil tem estruturas muito sólidas e nunca vimos uma brecha que seria interessante para o nosso negócio”, finalizou o diretor da Dream Factory.