Um grupo de jogadoras da seleção da Espanha, campeã da Copa do Mundo Feminina no mês passado, realizou uma reunião com membros da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e divulgou o fim de um boicote à seleção nacional, que estava em pauta desde o episódio do beijo forçado do ex-presidente da entidade, Luis Rubiales, na atacante Jenni Hermoso, durante a festa de premiação pelo título mundial.
A reunião foi realizada na noite da última terça-feira (19). No dia seguinte, na quarta-feira (20), uma das medidas, a demissão do secretário-geral da RFEF, Andreu Camps, foi efetivada.
Outra iniciativa tomada pela RFEF foi adotar uma marca única, seleção espanhola de futebol, para se referir a ambas as equipes, masculina e feminina.
“Além de um passo simbólico, queremos que [a alteração] represente uma mudança de conceito”, disse Pedro Rocha, atual mandatário da entidade.
A reunião, que foi intermediada pelo Conselho Superior do Desporto (CSD), órgão máximo da administração esportiva do governo espanhol, contou com membros da Justiça Desportiva da Espanha e do sindicato Futpro, que representa o grupo de jogadoras.
O conteúdo da reunião não foi revelado, mas a presidente do sindicato das jogadoras, Amanda Gutiérrez, disse que foram tomadas medidas para estabelecer o “mesmo tratamento para as seleções feminina e masculina da Espanha”, o que era uma das reivindicações.
“Foi feito um acordo para fazer mudanças na estrutura do futebol feminino, para que o pessoal executivo e administrativo corresponda ao da seleção masculina, para profissionalizar ainda mais a equipe [feminina]”, afirmou Gutiérrez.
Mais mudanças
Na semana passada, o mesmo grupo havia divulgado uma carta, afirmando que, mesmo após a saída de Rubiales, as mudanças ocorridas não eram suficientes para que as jogadoras se sentissem seguras. Elas ainda pediram reformulação em outros departamentos da RFEF, como o secretariado-geral (já efetivada), o departamento de comunicação e marketing, e o departamento de integridade.
Outra reivindicação do grupo é a saída do presidente interino Pedro Rocha. Até agora, no entanto, não está claro se alguma medida será tomada em relação ao atual presidente da RFEF.
Caso mantivessem o boicote à seleção, as atletas poderiam sofrer duras penas, como multas de até € 30 mil e a suspensão de suas licenças como jogadoras.