Todos nós temos missões, objetivos e sonhos a realizar. Constantemente nos preparamos para isso, perseguindo nossos objetivos como se não houvesse outra alternativa além de vencer e alcançar satisfação com nossos resultados e desempenhos.
No entanto, na jornada rumo ao pódio, onde só há espaço para um vencedor, surge o desafio de lidar com as frustrações de muitas vezes não estar em primeiro lugar. Como transformar esses momentos difíceis em aprendizado e fortalecimento?
A chave para superar esses desafios é entender por que se vence e por que se perde. No esporte, aprendi que as vitórias e derrotas não acontecem por acaso. Gostava dos treinadores que explicavam o motivo das nossas vitórias, quais movimentos e estratégias funcionaram, o que praticamos nos treinos e executamos no jogo. Da mesma forma, é crucial entender os erros que levaram às derrotas. Esse conhecimento traz tranquilidade e segurança, permitindo aprender e se fortalecer para o próximo desafio.
Contudo, essa análise racional não é fácil. Na vitória, a empolgação pode nos fazer acreditar que somos invencíveis, esquecendo o esforço e a dedicação necessários. Na derrota, a tendência é culpar o azar ou circunstâncias externas, sem reconhecer os erros específicos. Analisar o desempenho de forma emocional nos faz perder o controle. Avaliar racionalmente, tanto as vitórias quanto as derrotas, nos prepara melhor para os próximos desafios.
No futebol brasileiro, essa análise é ainda mais difícil. A pressão popular é enorme. Se uma equipe termina em segundo lugar ou é eliminada em uma semifinal, a reação imediata mais comum é trocar jogadores e treinadores. Poucos têm a coragem de defender publicamente o trabalho que está sendo feito, mesmo quando os resultados não são tão promissores.
Muitas equipes já passaram por isso. Na ânsia por uma mudança, por não aguentar a pressão e todo o imediatismo que gira em torno do nosso futebol, acabam fazendo mudanças precoces. Assim, acaba-se interrompendo um trabalho que, muitas vezes, traria um resultado vitorioso em algum momento.
Ensinar a equipe sobre as razões das vitórias e derrotas tira o emocional da equação, permitindo uma avaliação racional e uma melhor preparação para o futuro. O emocional é quando os pensamentos são: “Perdemos porque está tudo dando errado, nosso momento é ruim, não vai dar certo. Está tudo muito difícil, tudo muito pesado”. Estas são avaliações emocionais, baseadas no medo e no caos. Já a avaliação racional é diferente: “Está tudo muito ruim por quê? O que deixamos de fazer? Onde temos que melhorar? Foi mérito do nosso adversário ou foi desatenção nossa?”. Essa é a diferença crucial entre tirar do emocional e levar para o racional.
Por mais difícil que o momento seja, a avaliação racional é um grande diferencial para reverter a situação em que os resultados estão sendo negativos. Ela ativa a autorresponsabilidade dos envolvidos e, consequentemente, gera uma mudança de mentalidade e de comportamento.
É fundamental valorizar o progresso, mesmo que os resultados ainda não sejam ideais. Precisamos parar de tratar o segundo lugar como um desastre. Embora todos queiram vencer, entender que campeões perdem mais do que ganham é essencial.
Vivi isso durante a minha trajetória como jogador de futebol.
Conquistei muitos títulos, sendo, por exemplo, quatro vezes campeão brasileiro. Porém, para vencer essas quatro vezes, eu precisei disputar nove. Perdi mais vezes do que de fato venci. A questão é que, nos momentos de derrota, sempre utilizei a avaliação racional e realista como aliada, para entender onde precisava melhorar, o que era preciso mudar para alcançar a vitória.
A mentalidade vencedora é construída com o tempo. Vencedores são aqueles que entendem e têm a coragem de defender o trabalho realizado, enfrentando riscos e críticas, até que os resultados sejam reconhecidos.
Portanto, tenha convicção, esperança e coragem para defender o trabalho bem-feito, independentemente da posição alcançada. Assim, você estará preparado para colher os frutos no momento certo.
Diego Ribas é ex-jogador de futebol, com passagens por Santos, Flamengo, diversos clubes europeus e seleção brasileira. Atualmente, é palestrante, comentarista, apresentador do PodCast 10 & Faixa, garoto-propaganda de empresas como Genial Investimentos, Adidas, Colgate e Solides, e escreve mensalmente na Máquina do Esporte