O futebol argentino poderá contar com capital privado a partir de novembro. Nesta terça-feira (16), o governo da Argentina emitiu uma resolução que passará a permitir as Sociedades Anônimas Desportivas (SADs), que equivalem às Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) brasileiras.
A decisão da Inspeção-Geral da Justiça (IGJ) não obriga que todos os times do futebol argentino adotem esse tipo de estrutura, mas promove alterações em artigos do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) 70, emitido pelo presidente Javier Milei no final do ano passado, para permitir a abertura da economia do país, que habilitam a mudança.
“Atendendo ao disposto nos artigos 346º e 347º do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) nº 70/2023 (…) deve ser aceita a participação de associações civis e fundações como acionistas em sociedades anônimas e a transformação de associações civis em sociedades anônimas; bem como simplificar o registro de entidades de bem comum constituídas no exterior para o desenvolvimento de sua atividade na Argentina”, diz a resolução.
A permissão era de interesse do presidente Javier Milei, que, nos últimos meses, defendeu a transformação dos clubes argentinos em Sociedades Anônimas. Na visão do chefe do executivo da Argentina, esse movimento potencializará o futebol do país a partir do aumento de investimentos.
De acordo com Milei, a abertura do futebol ao capital privado poderia gerar um investimento de até US$ 4 bilhões.
Rejeição
Enquanto no Brasil a regulamentação das SAFs foi vista com bons olhos por grande parte dos torcedores, na Argentina a reação a essa possibilidade foi negativa. Em novembro do ano passado, clubes do país chegaram a se reunir para vetar a adoção do modelo, em uma votação que teve 45 votos contrários à mudança e apenas um a favor.
O Boca Juniors, inclusive, chegou a viver uma disputa política interna que envolve o tema. Na última eleição que decidiu a presidência do clube, um dos mais tradicionais do país, uma das discordâncias entre os candidatos envolveu justamente a adoção das SADs.
O grupo de Juan Román Riquelme, que venceu, era contra o modelo, enquanto sua oposição, liderada pelo ex-presidente da Argentina Mauricio Macri, era favorável.
Diversos outros clubes de grande relevância na Argentina, como River Plate, Racing, Independiente e San Lorenzo, utilizaram suas redes sociais no final do ano passado para divulgar notas oficiais contra as SADs.