Quando pensamos em torcedores apaixonados, logo vêm à mente imagens de fãs escalando cercas, gritando até perder a voz ou vivendo em função de um jogo. Esses estereótipos, amplamente difundidos, ocultam uma verdade muito mais complexa. A realidade é que, para muitos, o amor por um time é profundo, mas nem sempre se traduz em uma presença física nos estádios. Em vez disso, a conexão acontece digitalmente e é aí que o esporte brasileiro está perdendo uma oportunidade de ouro.
Ao longo de gerações, a indústria esportiva ficou presa a uma visão limitada dos torcedores. Essa limitação impactou na forma como as gerações assistiam a esporte via transmissões esportivas tradicionais e até mesmo na forma como os esportes eram refletidos geograficamente. Assim, milhões de fãs nunca se sentiram refletidos nas imagens tradicionais das transmissões esportivas ou não encontraram, em suas regiões, esportes, clubes ou entidades esportivas que lhe agradem para torcer.
Na NBA, por exemplo, 70% dos fãs vivem fora dos Estados Unidos, mas o conteúdo transmitido raramente é personalizado para esses públicos internacionais. A abertura da liga para atletas do mundo inteiro transformou a NBA em um esporte mundial e não mais norte-americana. NBA, em boa parte do mundo, virou sinônimo de basquete. Da mesma forma, a NFL, que tenta expandir seu alcance global e acabou de realizar seu primeiro jogo no Brasil, enfrenta desafios em se conectar com fãs mundo afora que consomem o esporte em boa parte de maneira digital.
Esses fãs amam seus times, mas não podem se sentir desconectados. E os clubes e ligas, por não entenderem completamente esses torcedores, acabam perdendo a chance de engajá-los. Isso acontece por uma estratégia de dados falha ou incompleta, que não consegue capturar as motivações e comportamentos de cada um. Se as informações coletadas estão erradas, todo o resto da estratégia será prejudicado.
O futebol brasileiro, por exemplo, apesar de toda a fama mundial, não vem aproveitando essa expansão geográfica para fortalecer sua marca e também a dos clubes nacionais.
É hora de repensar a maneira como vemos os torcedores. Estudos indicam que 95% dos fãs preferem consumir esportes em casa, o que não significa que eles não frequentam estádios ou que não assistem aos jogos completos. No entanto, o torcedor está cada vez mais digital e global. Os fãs da NBA em Tóquio, os seguidores da NFL em Londres e os apaixonados pelo Flamengo em Lisboa compartilham uma coisa em comum: querem se sentir conectados, independentemente da distância.
Como superar esse desafio? A tecnologia é a resposta. Com a inteligência artificial, podemos criar experiências personalizadas, ajudando os clubes a entender melhor os torcedores e construir relacionamentos mais fortes.
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Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos e identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público e o envolvimento dos fãs. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte