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A inteligência artificial e a ajuda na criação de hábitos saudáveis

Por mais que seja polêmico compartilhar com um banco de dados todas as informações da rotina e do estado físico, enxergo isso como um benefício; não vejo problema algum em registrar meu humor, peso, ciclo menstrual, exercícios, batimentos cardíacos, sono e até a quantidade de água que tomo, pois tudo isso pode até salvar minha vida

Tecnologia no pulso pode ser uma aliada importante na promoção da saúde e até para salvar uma vida - Reprodução

Falar de inteligência artificial (IA) nunca foi tão atual. Essa tecnologia vem revolucionando diversas áreas e, no setor de bem-estar, tem impactado diretamente a vida de milhões de pessoas. Confesso que, há 10 anos, eu não imaginava que a tecnologia poderia desempenhar um papel tão importante assim.

Lembro de uma visita à CES em Las Vegas, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo, onde vi pela primeira vez os wearables. Eram sapatos, camisas, óculos e colchões conectados, e pensei: “Isso nunca será usado por ninguém”. Que grande engano. Naquele mesmo ano, a Apple lançou o primeiro smartwatch, que, anos depois, salvaria a vida do meu pai.

No início do ano passado, o relógio começou a apitar no meio do dia, alertando meu pai para procurar um médico por conta de uma possível fibrilação no coração. Horas depois, ele estava entrando no centro cirúrgico para realizar sua primeira ablação cardíaca, um procedimento que permitiu que ele continuasse aqui conosco, exibindo seu lindo sorriso.

Desde então, mudei minha perspectiva. Hoje, tenho meu próprio smartwatch, com todos os recursos de monitoramento ativados. Por mais que seja polêmico compartilhar com um banco de dados todas as informações da sua rotina e estado físico, no meu caso, enxergo isso como um benefício. As grandes “techs” se transformaram em grandes empresas de saúde e, hoje, podem até salvar a sua vida. Por isso, não vejo problema algum em registrar meu humor, peso, ciclo menstrual, exercícios, batimentos cardíacos, sono e até a quantidade de água que tomo. Esses dados, que levo aos meus médicos, têm se mostrado essenciais para acompanhar meu bem-estar.

Se para quem trabalha em escritório, como eu, cuidar do corpo e da mente virou essencial e acessível, para os atletas, que dependem de uma boa condição física e mental para atingir o máximo desempenho, usar a tecnologia se tornou indispensável. Atualmente, ela é uma aliada para prevenir lesões, monitorar o sono e, consequentemente, a capacidade de concentração e reflexos, acompanhar a frequência cardíaca sob estresse, níveis de hidratação, dores musculares e, quem sabe, ajudar a acertar aquela jogada que parecia impossível.

No MIBR, por exemplo, nossa equipe de wellness (bem-estar) acompanha a rotina dos jogadores e jogadoras, e, com os dados captados, já é possível aconselhar sobre a quantidade e o tipo de alimentação no pré-jogo e no dia da partida, a intensidade da luz ao cair da noite, o melhor horário para dormir e até os exercícios físicos necessários. Tudo embasado em dados.

Por isso, se você ainda não deu uma chance à tecnologia na sua saúde, é hora de experimentar. Com ou sem relógio, iOS ou Android, existem diversos aplicativos para te ajudar a começar a “brincar” de ser saudável até que esses hábitos se incorporem à sua rotina. Eu uso o app Saúde da Apple (aquele que já vem no celular) para registrar a maior parte das informações. Para caminhadas e corridas, uso o Strava, onde tenho minha rede de amigos para “competir” e me estimular. O “Calm” é essencial nas minhas sessões diárias de meditação, e o “MyFitnessPal” ajuda no registro da alimentação e no consumo de água.

Para quem ainda acha que a tecnologia só leva a estilos de vida pouco saudáveis, está aqui uma prova do contrário. Ela pode ser uma aliada poderosa, e o primeiro passo é mais fácil do que parece.

Roberta Coelho é CEO da equipe de e-Sports MIBR e criadora da WIBR, ecossistema de ações que busca trazer mais mulheres para o universo dos games. Além disso, é cocriadora e ex-CEO da Game XP e ex-head de desenvolvimento de negócios e ex-diretora comercial do Rock in Rio. Ela escreve mensalmente na Máquina do Esporte

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