A entrevista de Renato Paiva após a vitória sobre o PSG parecia até inteligência artificial (IA). Não era. E o placar final, que parecia videogame? Não, não era.
Depois de marcar o gol da vitória do Botafogo sobre o supertime francês, Igor Jesus subiu na mureta para celebrar com a torcida e o seu “kamehameha”, direto do cartoon Dragon Ball. Na Califórnia, o telão mostrava a vibração de Snoop Dogg e Johnny Depp vestidos com a camisa alvinegra.
Um rolé aleatório de respeito. Nem IA. Nem videogame. Apenas uma bela ação de marketing que rodou o mundo.

Para quem torceu o nariz quando a Fifa anunciou a Copa do Mundo de Clubes, a competição vem se apresentando uma bela e divertida surpresa. Não se fala em outra coisa. Audiências explodindo nas TVs e plataformas de streaming do mundo todo. Ainda que muitos insistam em dizer que os europeus dão de ombros para o campeonato em razão dos resultados ruins, a primeira fase já distribuiu dezenas de milhões de dólares para as 32 equipes e, além de encher os bolsos, os primeiros jogos fizeram a autoestima do futebol brasileiro escalar alto. A vida imita o videogame.
Ver o voluntarioso Mamelodi Sundowns sufocar o Borussia Dortmund, o Monterrey encostar a Internazionale na parede ou o Al-Hilal igualando forças com o Real Madrid era algo que ninguém esperava. Só em videogame e, ainda assim, se aquele que estivesse manejando o controle fosse bom.
Pode até acontecer dos europeus “acordarem” no restante da competição e os sul-americanos “perderem o encanto”, mas o novo evento chancelado pela Fifa alcançou os objetivos antes mesmo do esperado. E vem proporcionando belos momentos e belas imagens.
Ainda falando dos brasileiros…
Famílias inteiras viajaram aos EUA sem cogitar passear pelos parques de Orlando para viver a paixão de seus times de coração. Torcedores de Palmeiras e Fluminense tomaram a Times Square em cenas que deixam o Réveillon de Nova York em segundo plano. A torcida do Flamengo se espremeu nos degraus da escadaria de Rocky Balboa na Filadélfia, e a torcida do Botafogo… bom, o Alvinegro já volta com a maior vitória de sua história na bagagem. Ou melhor, vai saber, pode ser a segunda maior depois do dia 13 de julho.
Até o fim da 2ª rodada, foram 99 gols (média superior a três por jogo). Teve golaço. Aliás, vários golaços. Teve 10 a 0, 6 a 0, 5 a 0. Foram muitas as goleadas. Tudo isso agrada aos norte-americanos que odeiam os costumeiros empates por 0 a 0 do “soccer”.
Duelos inusitados, inesperados e inesquecíveis. Craques como Messi, Haaland, Suárez, Griezmann, Neuer, Igor Jesus, Di María, Estêvão, Arrascaeta, Arias e Muller, em meio a jogadores de 81 países. Teve de tudo um pouco em apenas duas rodadas (escrevo antes da última rodada da fase de grupos).

Para não dizer que o Mundial está completo, só faltou a Fifa achar um time para Cristiano Ronaldo, outro para Neymar e uma maneira de incluir Liverpool e Barcelona.
São apenas dez dias de jogos. Na terra do entretenimento, a Copa do Mundo de Clubes vem cumprindo bem o seu papel de combinar diversão, emoção, surpresas e bom futebol.
Melhor até do que o videogame.
Samy Vaisman é jornalista, sócio-diretor da MPC Rio Comunicação (@mpcriocom) e cofundador da Memorabília do Esporte (@memorabiliadoesporte)
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