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Maquinistas: Como Coritiba e Le Mans se conectam na estratégia da Outfield

Pedro Oliveira, cofundador da empresa, falou sobre a atuação no mercado do futebol e o futuro dos investimentos no esporte, além de temas como futebol feminino, engajamento de fãs e modelo multiclubes

Pedro Oliveira, cofundador da Outfield, participou do Maquinistas - Reprodução / YouTube (@maquinadoesporte)

No episódio desta semana do Maquinistas, podcast da Máquina do Esporte, Pedro Oliveira, cofundador da Outfield, compartilhou sua trajetória e visão sobre o futuro dos investimentos no esporte, começando com uma breve linha do tempo da empresa. Fundada em 2016, a Outfield teve início com projetos para Flamengo e Wix antes de expandir para investimentos diretos em clubes e empresas de tecnologia. Hoje, a operação se divide entre a Outfield Strategies, voltada para consultoria e banco de investimentos (investment banking), e a Outfield Ventures, gestora que administra R$ 850 milhões.

Entre as frentes de atuação, Pedro destacou os investimentos estruturados, como o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) do São Paulo em parceria com a Galapagos e outro voltado ao futebol, com ancoragem do Itaú, além da entrada em clubes estratégicos. Foi nesse contexto que a Outfield adquiriu participação no Coritiba e no Le Mans, da segunda divisão francesa, sempre guiada por três teses: comprar clubes com marca forte, investir em atletas, especialmente nas categorias de base, e buscar ascensão esportiva como vetor de valorização.

No caso brasileiro, a entrada no clube paranaense ocorreu em parceria com a Treecorp como investidora minoritária, mas, no início de 2025, a Outfield assumiu papel de maior protagonismo, com o sócio Lucas de Paula passando a ocupar o cargo de CEO. Já na França, a escolha recente pelo Le Mans foi motivada também por um estudo que mapeou os principais polos de formação de jogadores, com destaque para São Paulo e Paris, e identificou no clube francês um cenário raro: baixa dívida, caixa positivo, infraestrutura sólida e um proprietário experiente no futebol. Esse movimento foi reforçado por investidores de destaque: o tenista Novak Djokovic, o ex-piloto de Fórmula 1 e atual piloto da Stock Car Felipe Massa, o também ex-piloto de F1 Kevin Magnussen, e Georgios Frangulis, fundador e CEO da Oakberry.

A análise de Pedro também expôs um desafio recorrente no mercado brasileiro: a baixa monetização das torcidas. Mais do que tamanho, ele ressaltou a importância de conhecer o perfil e o comportamento do fã para rentabilizar a base.

“Se pegarmos todas as receitas B2C [sigla para Business-to-Consumer, modelo de negócio em que uma empresa vende produtos ou serviços diretamente para o consumidor final, ou seja, a pessoa física], como bilheteria, sócio-torcedor e venda de camisas, o gasto médio anual de um torcedor é de R$ 5. A capacidade de um Flamengo, hoje, em rentabilizar sua base de fãs seria de um café ou um pão de queijo por ano”, comparou.

O episódio ainda tocou em outros pontos relevantes, como os investimentos em engajamento de fãs (BePass e FanBase), a atratividade crescente do futebol feminino para investidores e a tendência do formato multiclubes como modelo de expansão no esporte.

O podcast Maquinistas, apresentado por Erich Beting e Gheorge Rodriguez, com a participação de Pedro Oliveira, cofundador da Outfield, irá ao ar nesta terça-feira (12), às 19h (horário de Brasília), no canal da Máquina do Esporte no YouTube: