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CEO da FutebolCard defende regulamentação do mercado secundário de ingressos no Brasil

Robson Oliveira acredita que a criação de plataformas oficiais e autorizadas de revenda de ingressos pode gerar novos fluxos de receita para os clubes

Robson Oliveira, CEO da FutebolCard , na Confut Nordeste 2025 - Lidianne Andrade / Foco Radical

Em entrevista à Máquina do Esporte na Confut Nordeste 2025, Robson Oliveira, CEO da FutebolCard, disse ser favorável à criação de um mercado secundário legalizado de revenda de ingressos no Brasil. Para o executivo, a implementação de uma plataforma oficial, apoiada em tecnologia, permitiria expandir o mercado e oferecer mais segurança jurídica e operacional tanto para os clubes quanto aos torcedores.

Robson argumenta que o cenário atual não elimina a demanda por repasse de entradas e que a tecnologia pode ser um fator determinante para organizar esse fluxo. Vale destacar que, atualmente, a revenda de ingressos acima do valor original para eventos esportivos é proibida no Brasil pela Lei Geral do Esporte, o que dificulta a criação de um mercado secundário com preços dinâmicos, como acontece nos principais países onde essa atividade é regulada.  

“Eu sou um dos grandes defensores do mercado secundário e acho que deveria ter. Porque, com isso, você amplia o mercado, cria informação, só que com tecnologia. Se não tiver tecnologia embarcada, com controle do que está sendo feito, aí você perde a mão”, comentou Robson Oliveira. 

O modelo ainda inclui a possibilidade de monetização para os clubes, que poderiam oferecer benefícios pela devolução da entrada ou até mesmo cobrar uma taxa sobre a revenda dos ingressos. Uma regulamentação, alinhada à Lei Geral do Esporte, é vista pelo executivo da FutebolCard como um passo necessário para transformar o atual cenário de revenda informal e cambismo em uma nova linha de receita estruturada para os times.

“É preciso estar o tempo todo olhando e analisando a lei, com pessoas especialistas dedicando atenção para isso.É claro que se der brecha, você dá margem para qualquer coisa acontecer, mas se for algo bem regularizado, não tem abertura para ter sacanagem”, destacou o CEO da FutebolCard.

“Eu acho isso que pode ser feito de uma forma bem organizada e os clubes podem ter uma rentabilidade com isso, oferecendo um cashback, uma renovação melhor no plano de sócio-torcedor ou algum outro benefício”, acrescentou. 

Biometria facial

Em relação a biometria facial, que passou a ser obrigatória em estádios com capacidade acima de 20 mil lugares em junho deste ano, Robson acredita que é improvável que a tecnologia elimine totalmente o cambismo devido a sua natureza histórica, apesar da ferramenta ter dificultado e reduzido consideravelmente a atuação do mercado paralelo de ingressos. 

“O cambista existe desde o Coliseu. Então, não dá para acabar com isso, mas dá para reduzir. A biometria [facial] realmente organizou mais, melhorou os fluxos dos processos. A percepção do torcedor no estádio também é de redução porque, antigamente, era muito fácil você transferir o ingresso”, explicou o executivo.

Além disso, a velocidade de entrada nos estádios é um outro benefício ligado à implementação do acesso via biometria facial. A leitura do rosto dos torcedores elimina a necessidade de apresentação de mídias físicas ou digitais, como cartões ou QR Codes, o que gera um fluxo de cerca de 20% a 30% mais ágil nas catracas, segundo o CEO da Futebol Card.