Todos os anos fazemos um levantamento que revela o perfil dos atletas, profissionais e amadores que compraram ao menos uma inscrição para algum evento esportivo no Ticket Sports.
Geralmente, esse material é lançado no começo do ano e ajuda organizadores, marcas e qualquer profissional do mercado a traçar estratégias e mapear oportunidades.
Quase 90% das compras vêm de algum evento de corrida de rua. Logo, esse texto conversará mais com o running do que qualquer outra modalidade.
Dito isso, trago hoje um número inédito e que, particularmente, me deixa extremamente feliz: saltamos de 49,9% de participação feminina em eventos esportivos no ano passado para 52,4% em 2025.
E por que isso me deixa feliz?
Porque acredito que essa força venha da comunidade que as mulheres encontram cada vez mais na corrida.
Deixem-me explicar.
Em 2021, a participação feminina havia caído para 42%, reflexo direto do pós-pandemia. Naquele momento, um dos fatores que explicava essa retração era o maior receio das mulheres em retornar às atividades presenciais. Elas se cuidaram mais, aguardaram mais e, por isso, demoraram para voltar.
Hoje, quatro anos depois, vemos uma curva oposta: a das mulheres não apenas voltando, mas assumindo o protagonismo da corrida. E o mais interessante é perceber como elas têm se desafiado mais.
O 12º Relatório Anual de Tendências do Ano no Esporte, estudo que foi lançado agora em dezembro pelo Strava, trouxe um dado emblemático: 34% das mulheres treinaram para meias-maratonas em 2025, enquanto esse número foi de 29% entre os homens.
Ou seja, os desafios agora são maiores.
Tenho em mente uma teoria que explica essa volta por cima, e acho que tudo gira em torno das comunidades.
A corrida de rua sempre foi um esporte democrático, mas nunca foi tão comunitária quanto agora. As assessorias, os grupos, os clubes de corrida (as famosas “crews”) e os encontros de final de semana, todos esses ambientes criam pertencimento, acolhimento e talvez o mais importante para as mulheres: segurança. Isso importa muito.
Correr em grupo reduz o medo, aumenta a motivação e cria redes de apoio que raramente encontramos em outros contextos esportivos. Além disso, as comunidades femininas estão cada vez mais organizadas e influentes nas redes sociais. É um ecossistema que incentiva, inspira e, acima de tudo, mantém a mulher no esporte.
Acredito que o crescimento da participação feminina não seja um fenômeno isolado, mas sim um retrato direto da força das comunidades de corrida no país. Quando uma mulher entra em um grupo, outras vêm junto. Amigas, irmãs, colegas de trabalho e por aí vai. É um movimento que cresce em onda, impulsionado pela identificação, pelo pertencimento e pela potência coletiva.
E tudo indica que essa corrente feminina ainda tem muito fôlego para avançar.
A corrida vira convite, vira conversa, vira estilo de vida.
O artigo acima reflete a opinião do colunista e não necessariamente a da Máquina do Esporte
Gabriela Donatello é formada em Comunicação Social e pós-graduada em Gestão de Marketing. Atualmente, é gerente de marketing do Ticket Sports, com uma trajetória de oito anos dedicada ao universo dos eventos esportivos, atuando em diversas frentes do setor
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