Na noite deste domingo (13), a cidade de Los Angeles volta a ser a sede de um Super Bowl depois de quase 30 anos. Quando Los Angeles Rams e Cincinnatti Bengals entrarem no gramado do SoFi Stadium para a disputa da grande decisão da temporada da NFL, a principal cidade da Costa Oeste americana reforçará seu novo status dentro do futebol americano.
O Super Bowl em Los Angeles, com a presença de um time “da casa”, consagra os planos criados há 20 anos pela NFL de se reaproximar de todo o glamour de Hollywood e reinventar a capital do entretenimento nos EUA como centro importante de reconstrução da imagem da liga de futebol americano.
Foi no já distante ano de 1993 que Los Angeles recebeu o último Super Bowl, o sétimo da história na segunda maior cidade dos EUA, atrás apenas de Nova York. À ocasião, o evento ficou marcado pelo espetacular ”Show do Intervalo” de Michael Jackson, que mudou a história dos shows de intervalo do Super Bowl. Desde então, porém, Los Angeles veio perdendo protagonismo para a liga. Em 1995, os dois times da cidade decidiram deixá-la, o que afastou o Super Bowl de vez.
A “retomada” começou em 2003, quando a NFL decidiu, em uma iniciativa para se conectar ao público mais jovem, montar os escritórios da NFL Network em Los Angeles. A ideia era fazer com que a cidade em que se concentram as principais figuras do entretenimento voltasse a respirar um pouco da principal modalidade esportiva americana.
Ter um estúdio perto de Hollywood ajudaria a liga a ter convidados-celebridades e a encontrar bons apresentadores para seus programas mais facilmente. Esse conceito, no fim das contas, foi responsável por redirecionar o eixo de protagonismo do futebol americano para Los Angeles.
Atualmente, a 50 metros do SoFi Stadium, está o NFL West, segundo escritório de negócios da liga. Inaugurado em 2021, o luxuoso escritório é o marco de retomada do protagonismo de Los Angeles para a NFL. Erguido no complexo Hollywood Park, que também abriga o estádio e diversas outras opções de entretenimento, o escritório tem se tornado o ponto de encontro da inovação e da tecnologia com a liga.
Nesta semana, ao falar sobre o Super Bowl em Los Angeles, Casey Wasserman, presidente do comitê organizador da partida, destacou a importância da cidade para os planos da NFL de ser, mais do que uma liga esportiva, uma empresa de mídia.
“Se você vai ser uma empresa de mídia global, é importante estar em Los Angeles e Nova York, não apenas em Nova York. A NFL é uma liga, mas é muito mais do que isso agora”, disse o executivo, que também é o presidente do projeto olímpico de Los Angeles 2028.
A cidade da Costa Oeste americana, conhecida por ser a capital do esporte e do entretenimento dos Estados Unidos, é emblemática nessa reconstrução de imagem da NFL para o mercado. Os anos que coincidem com a saída de Los Angeles da liga são aqueles em que o basquete e a NBA ganharam em protagonismo com a era Michael Jordan e a presença de grandes figuras do entretenimento de Hollywood nos jogos da geração “Showtime” do Los Angeles Lakers.
Para reaproximar-se do jovem, em 2003 a NFL decidiu montar a NFL Network em Los Angeles. Assim, a liga foi, aos poucos, se reconectando com o que havia de mais inovador na produção de conteúdo e, indiretamente, reaproximando o esporte da cidade. Em 2016, celebrou o retorno dos Rams (ex-Saint Louis) e dos Chargers (ex-San Diego) à cidade.
Além disso, o empresário Stan Kroenke, dono dos Rams, decidiu projetar a construção do Hollywood Park depois do plano da liga para a região ter sido apresentado. Hoje, o local abriga o SoFi Stadium, inaugurado em 2020 ao custo estratosférico de US$ 6 bilhões e que traz as principais novidades tecnológicas para o fã.
A retomada do protagonismo de Los Angeles não deixa de representar um retorno da NFL às próprias origens. Em 1959, quando a liga começava a dar seus primeiros passos, ainda com 12 clubes, foi a cidade da Costa Oeste que abrigou o primeiro grande plano de expansão comercial do futebol americano. Em março de 1959, Larry Kent, famoso empresário do ramo de licenciamento de marcas, procurou Pete Rozelle, então gerente geral do Los Angeles Rams, para criar produtos licenciados da NFL.
A lógica de Kent era de que seria possível fazer os mais diferentes produtos da liga e dos times. A projeção do empresário era baseada no sucesso que ele havia conseguido com a figura do ator Roy Rogers, então astro dos filmes e programas de cowboy na década de 1950.
Kent convenceu Rozelle a fundar a NFL Enterprises. Em um ano, eram mais de 300 produtos licenciados que começavam a ser injetados no mercado americano. O negócio cresceu tanto que, em 1970, Rozelle decidiu mudar o escritório da NFL para Nova York, centro financeiro dos Estados Unidos e cidade mais próxima da maioria dos times da liga.
Agora, 50 anos depois, o protagonismo começa a voltar, curiosamente, para a mesma Los Angeles de Larry Kent.