A década no esporte americano e um até logo

Caitlin Clark em ação durante partida do Indiana Fever na WNBA - Reprodução / X (@IndianaFever)

Muitas vezes a gente comprime uma década em uma ideia, um estilo ou um acontecimento: a roupa dos anos 1970, o som dos anos 1980 ou o futebol dos anos 1990. Mas dez anos são muito tempo quando a gente vive cada ano, cada mês, cada semana e cada dia desse período todo. Em março de 2014, cheguei a Nova York de mala e cuia. Já são dez anos vivendo nos EUA, o que me fez respirar o esporte americano como parte do meu dia a dia.

Logo nos primeiros anos, fui ao estádio para ver Pirlo, Villa e Lampard jogarem juntos pelo New York City FC. É verdade que o time não rendeu muito com eles, mas as tardes no Yankee Stadium eram divertidas. Me vi pisando também em solo sagrado durante a World Series de 2015, quando Paulo Orlando se tornou o primeiro campeão de beisebol nos EUA com o Kansas City Royals. Eu, que nunca fui muito ligado em beisebol, andei por onde só os atletas caminham e toquei um dos troféus mais cobiçados do esporte mundial.

Depois, vieram anos em Columbus, em Ohio, onde aprendi o que significa verdadeiramente a paixão de uma cidade por um time universitário quando vi os jogos de Ohio State no estádio com mais de 100 mil pessoas ou na casa do meu vizinho. Mas não foi só futebol americano por lá. Em Columbus, também testemunhei a torcida evitar que o Crew deixasse a cidade, caso raro no esporte americano. A paixão e a pressão funcionaram contra a frieza dos números e dos escritórios que cuidam das ligas nos EUA.

Em Miami, acompanhei o crescimento do interesse dos americanos pela Fórmula 1 com muita ajuda do Drive to Survive, da Netflix, em um GP cheio de celebridades. Também vi o Sul da Flórida se tornar o centro das atenções daqueles que acompanham o futebol nos EUA com a chegada de Lionel Messi ao Inter Miami e os preparativos para a Copa do Mundo de 2026. Mas é verdade que eu não estava por lá para ver o fiasco da final da Copa América deste ano.

Já tinha retornado a Nova York, de onde acompanhei o esporte feminino crescer ainda mais em diferentes modalidades. No basquete, o torneio universitário das garotas foi o mais assistido, e a estrela Caitlin Clark levou toda essa atenção para a WNBA, liga profissional que já era recheada de craques como A’ja Wilson e muitas outras. No futebol, a seleção recuperou o ouro olímpico, mesmo sem grandes nomes como Alex Morgan e Megan Rapinoe.

Em outras modalidades, a tenista Serena Williams passou a tocha para a nadadora Katie Ledecky e para a ginasta Simone Biles. E, certamente, novas estrelas trilharão esse caminho construído por uma legislação chamada Title IX, que garante investimentos iguais para o esporte masculino e feminino, e pelo próprio espaço das mulheres na sociedade americana, embora longe do ideal, mas maior do que em muitos outros lugares do planeta.

Na minha última coluna deste ciclo aqui, na Máquina do Esporte, deixo meu agradecimento ao Erich, ao Gheorge, ao Wagner e a tantos outros de uma equipe incrível que seguirá levando a sério essa impressionante evolução dos negócios do esporte. O que antes era o interesse de um nicho se torna cada vez mais uma parte muito importante do que fazem clubes, ligas, federações e atletas para engajar os fãs e deixar o esporte ainda mais atrativo. Me afasto desse espaço por compromissos profissionais, mas vou continuar lendo, ouvindo e vendo tudo que esse timaço da Máquina produz. Muito obrigado!

Sergio Patrick é especializado em comunicação corporativa

Sair da versão mobile