Para quem está um pouco antenado com o que acontece com a vida na Terra deve ter percebido que o tema da vez em tecnologia é inteligência artificial (IA). Chegamos ao ponto de se discutir se a Skynet está realmente para ser ligada (para quem não se lembra, a Skynet é a grande vilã do filme Exterminador do Futuro). Tudo isso porque a Openai apresentou ao mundo o chatbot mais inteligente da história.
Mas tirando a parte vilanesca, que depende muito mais do comportamento humano do que da máquina, pensemos na parte boa. É sobre isso que vou traçar algumas linhas neste mês. Na startup em que sou sócio e cofundador, nosso principal produto é uma inteligência artificial que vem sendo treinada há mais de quatro anos para identificar padrões de consumo por diversas formas. A ideia principal é auxiliar os times de marketing, vendas e comunicação a serem mais eficientes e eficazes dando uma ferramenta que pode não apenas analisar dados e fornecer gráficos, mas, em um primeiro momento, fornecer insights textuais para tomada de decisões.
Então, ao invés de acharmos inimigos, podemos pensar no avanço da IA como uma transformação positiva na forma como as entidades esportivas poderão se conectar com seus torcedores.
Com o treinamento adequado, entidades esportivas e patrocinadores poderão dar adeus ao dashboard em que normalmente ninguém sabe interpretar os dados e contar com a ajuda da IA para entender o comportamento dos fãs e consumidores, e criar estratégias de engajamento, vendas e comunicação mais eficazes.
A personalização da experiência do fã/consumidor é uma das principais áreas em que a IA será útil. Ao analisar os dados coletados sobre os fãs, a IA pode identificar quais são seus interesses, preferências e comportamentos de consumo. Com base nessas informações, as entidades esportivas e patrocinadores poderão personalizar a experiência do torcedor, oferecendo promoções, produtos e conteúdos relevantes.
Essa coleta de dados pode ser feita de diversas formas. Desde a análise da compra de diversos produtos por meio físico (loja e estádio, por exemplo) e digitais (loja e ingresso, por exemplo), passando por análises faciais no estádio ou app e até por simples ativações por meio de quizzes. A verdade é que o céu é o limite para vermos os dados como insumos, partindo, claro, do conceito ético da autorização por parte dos fãs.
É possível entender melhor como os torcedores estão reagindo a diferentes jogos e eventos, bem como identificar tendências e oportunidades de engajamento. Por exemplo, a IA pode identificar que os fãs estão mais interessados em jogadores específicos ou em determinadas jogadas e recomendar conteúdos relacionados a esses tópicos.
Além disso, a IA pode ser usada para criar experiências mais imersivas e interativas para os fãs. Criar simuladores de jogos, permitindo que os fãs experimentem o que é ser um jogador de futebol, basquete ou qualquer outro esporte. A IA também pode ser usada para criar experiências de realidade virtual ou aumentada, permitindo que os fãs vivenciem o esporte de forma mais imersiva.
No entanto, o uso da IA no esporte também apresenta desafios. É importante garantir que a privacidade dos torcedores seja protegida e que as informações coletadas sejam usadas de forma ética. Além disso, as entidades esportivas precisam garantir que as estratégias de engajamento sejam relevantes e autênticas para os fãs, e não apenas uma tentativa de aumentar as receitas.
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Fernando Fleury é CEO da Armatore Market+Science, PhD em Comportamento do Consumo e trabalha com inovação e tecnologia para criar novos modelos de negócios para a indústria com a construção de soluções avançadas e modelos preditivos usando inteligência artificial, aprendizado de máquina e ciência de dados para entender o ciclo de vida dos produtos, criar novos produtos, identificar e rastrear clusters a fim de aumentar a receita, o público e o envolvimento dos fãs, entre outros. Ele escreve mensalmente na Máquina do Esporte.